7.5.05

JORGE PERESTRELO

A Rádio não é celulóide, entendes?
A Rádio é emoção, é um atributo, é o sangue a correr nas veias, é a exteriorização: essa forma de ser, de estar e de sentir.
A Rádio é teres a capacidade de chorar e de rir, de aplaudir e de criticar.
A Rádio é tudo isso!

(de uma entrevista, em 1988, à Rádio Clube Atlântico, uma das milhares de emissoras "piratas" de então)

4.5.05

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

O Artista Inconfessável

Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre o fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificilmente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.

(de Museu de Tudo, 1975)

3.5.05

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA

[...]

1. Se cada frase... cada gesto, de repente, são, perto de ti, cada vez mais perto de ti...

2. Dizes-me que por isso não pudeste regressar?

1. Digo-te que não pude deixar de prosseguir, partigiano.

(final da peça Perdoar Helena, Assírio & Alvim, 2005)




(imagem do filme Paisà de Rosselini)