Mostrar mensagens com a etiqueta Gerardo Diego. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Gerardo Diego. Mostrar todas as mensagens

24.3.13

GERARDO DIEGO


OS OMBROS DOS FILÓSOFOS

Os ombros dos filósofos estabelecem o aqueduto
de onde nos chega o sangue obtido pelo degelo
dos mais altos corações
Se ponho os meus maxilares nesse entreposto de séculos
estremecem-me aladas todas as árvores das minhas veias
e enchem-se de repente as minhas humilhadas bochechas

Ninguém tem o direito de trocar um inverno de cinema
por um par de pistolas incrustadas de estrelas
nem a conseguir que o céu lhe devolva as suas bengalas esquecidas
e os seus cartões de visita desperdiçados

O que já entrou no canal intestinal da serpente
nunca mais se arrepende nem sequer
faz um nó gracioso no mais belo do caminho

Deixa-me passar a mão pelo dorso suavíssimo destes versos que escrevo
A eternidade assim por baixo dos meus dedos miará ternamente


(tradução minha – original de Biografia incompleta, 1925-1941)

9.12.03

GERARDO DIEGO (1896-1987)

No debemos huir de nada. El arte se ha de hacer buscando, reuniendo, integrando. Hacemos decimas, hacemos sonetos, hacemos liras, porque nos da la gana. Magnífica razón, única plena del artista. Pero hay una diferencia con nuestros razonables abuelos del XVIII. Para ellos, la estrofa, la sonata o la cuadrícula eran una obligación. Para nosotros, no. Hemos aprendido a ser libres. Sabemos que esto es un equilibrio, y nada más.

(citado por Pedro C. Cerrillo, em Antología Poética del Grupo del 27, ediciones Akal, 2002)