VICTOR OLIVEIRA MATEUS
19Nunca cuidei da minha vida
mas dos meus sonhos sim, que são leais e verdadeiros
e trazem a ousadia dos grandes rasgos, quando, no desnorte que
me guia, põem a tenaz luminosidade, que suaviza e alimenta
Nunca zelei, por mais necessário que fosse, por um qualquer desacerto. E da areia para o sol insisto a Luz, ao contrário do habitual. Insisto e tu ficas, ó memória inconsolada; farol a refulgir no negrume ácido da terra – irredutível solidão de todos os Viandantes
Nunca cuidei da minha vida
mas dos meus sonhos sim, que são belos e insubmissos, ante a desordem que hoje reina
(de
Pelo Deserto as Minhas Mãos, Coisas de Ler, 2004)