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2.1.08

NUNO TRAVANCA


à maria khépri


beleza enquanto processo respiratório


ela solve mecanicamente o sangue
quando inspira melancólico outro dia

uma pequena árvore mostra-me as asas
os vôos impróprios que lhe descobre
as luzes ofuscadas do seu límpido sono

e então expira, tal prazo que não li
processa-se ante um corpete apertado
uma respiração dúbia

obstinadamente reflectiram o silêncio
os passeios dos lagos espelhados
a raiva dos campos de batalha

e é esta causa justa que lhe vejo
entre a penumbra

músculos da boca tendem a sorrir
a não sorrir

é inconsolável esta cura que
com as rédeas bem presas
deixa de processar um esteta.

(daqui)

3.2.04

MÁS COMPANHIAS I

[Não sei se é por ser meu amigo, mas acho que deviam prestar atenção ao que este rapazinho escreve.]

NUNO TRAVANCA

quando a própria virtude se conquista no mover do peito
todo um encastoado de vimes sepulcrados em mim
se agita , atordoado
contemplando a sanha doce, o papel de ontem revolto,
como um junco pueril que se disfarça em si mesmo
acontecem as violentas brisas
as quais jamais devemos sustentar ao ombro,
ou aos ombros.
quando o nosso som é redimido entre escombros
o melhor é percepcionar o mover de peito
por dentro
e imperceptível ao gesto
gritar gritar mais alto do que alguém possa
ouvir.

12.8.03

ANTONIO GAMONEDA

Nasceu em Oviedo, Espanha, em 1931.


La luz hierve debajo de mis párpados.

De un ruiseñor absorto en la ceniza, de sus negras entrañas
musicales, surge una tempestad. Desciende el llanto a las
antiguas celdas, advierto látigos vivientes

y la mirada inmóvil de las bestias, su aguja fría en mi corazón.

Todo es presagio. La luz es médula de sombra: van a morir
los insectos en las bujías del amanecer. Así

arden en mí los significados.


(de Arden las Pérdidas, Abril de 2003, Tusquets editores - Nuevos textos sagrados)



A luz ferve-me debaixo das pálpebras.

De um rouxinol absorto na cinza, das suas negras entranhas
musicais, surge uma tempestade. Desce o canto às
antigas celas, advirto látegos com vida

e o olhar imóvel das bestas, a sua agulha fria em meu coração.

Tudo é presságio. A luz é medula de sombra: vão morrer
os insectos nos castiçais do amanhecer. Assim

ardem em mim os significados.


[tradução minha - há outro poema seu aqui]

27.6.03

Este blog corre o risco de ficar conhecido (mas por quem???) como o blog da rã...
Eis mais uma recriação do poema do nosso Bashô, da autoria de Nuno Travanca:

velha rã

que saltas ao tanque

em estrondo aquático