2.1.08

NUNO TRAVANCA


à maria khépri


beleza enquanto processo respiratório


ela solve mecanicamente o sangue
quando inspira melancólico outro dia

uma pequena árvore mostra-me as asas
os vôos impróprios que lhe descobre
as luzes ofuscadas do seu límpido sono

e então expira, tal prazo que não li
processa-se ante um corpete apertado
uma respiração dúbia

obstinadamente reflectiram o silêncio
os passeios dos lagos espelhados
a raiva dos campos de batalha

e é esta causa justa que lhe vejo
entre a penumbra

músculos da boca tendem a sorrir
a não sorrir

é inconsolável esta cura que
com as rédeas bem presas
deixa de processar um esteta.

(daqui)

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