17.1.09

PEDRO GIL-PEDRO

Ele radia nas carótidas
com suas alfaias adestradas
pela insânia recolhe

a morte e engole-a

como uma louça baldia
e apaziguadora - o sangue
demolindo-se entre
as pernas.

toda a memória
gera o abandono.

(de Para que ninguém sobreviva ao perdão, Cosmorama edições, 2008)

13.1.09

(nunca fui ao RRV, mas o RRV passava muito cá por casa - há pouco menos de 30 anos)

11.1.09

NELLY SACHS

TERRA DE ISRAEL


Não cantos de luta vos vou eu cantar
Irmãos, expostos ante as portas do mundo.
Herdeiros dos salvadores da luz, que da areia
arrancaram os raios enterrados
da eternidade.
Que nas mãos seguraram
astros cintilantes como troféus de vitória.

Não canções de luta
vos vou eu cantar
Amados,
só estancar o sangue
e as lágrimas, que gelaram nas câmaras da morte,
degelá-las.

E buscar as lembranças perdidas
que rescendem proféticas através da Terra
e dormem sobre a pedra
em que os canteiros dos sonhos enraízam
e a escada da nostalgia
que ultrapassa a Morte.

(in Poemas de Nelly Sachs, tradução de Paulo Quintela, Portugália editora, 1967 - original de Terra de Istrael / Land Israel, 1951)