18.1.04

Começa hoje a semana de oração pela unidade dos cristãos.

Penso que a unidade dos cristãos não é uma coisa que tenha que depender de políticas, acordos ou muito menos negociações ou exigências. Não é uma coisa de estratégias ou análises geo-estratégicas.

Contudo é, de facto, uma urgência, como diz o Papa. Mas não a qualquer preço.

Pelo que vou sentindo, acho que nesta questão do entendimento entre cristãos precisamos, antes de mais, de saber bem em que é acreditamos, as nossas próprias histórias de luzes e sombras e distinguir o essencial do acessório e, depois, é necessário conhecer os outros, perceber-lhes as razões históricas e doutrinais.

Os ferverosos do ecumenismo insistem com persistência na valorização daquilo que nos une, nos encontros apaixonados e de partilha absoluta.
As precipitações geram equívocos e novos e mais graves problemas.
Sou pela prudência. Os entusiasmos precipitados podem-nos levar à confusão. Às tantas, com tanta partilha e suposta unidade podemos ficar sem saber o que é importante e o que não é. A relativização dos valores religiosos adquiridos ao longo de uma vida pode ser fatal. Não faz sentido abdicar de valores que sempre se tiveram como certos apenas por uma questão de mero entendimento momentâneo.

Acho importantíssimos os apelos do Papa para que os católicos, em comunidade ou individualmente, estabeleçam contacto com comunidades ou indivíduos de outras tradições cristãs, sobretudo através da oração e da leitura do Evangelho, mas creio que também o distanciamento prudente é essencial para estabelecer uma unidade. Há uma certa distância propícia à melhor contemplação e percepção. Além disso, é necessário assumirmos que somos diferentes, que temos concepções e ideias distintas de uma fé que decerto radica no mesmo Senhor, Jesus Cristo. A unidade a ser feita só pode ser aquela que o Espírito, que sopra onde (...e como ...e quando) quer, permitir.

Parece-me mais importante para a unidade dos cristãos ir almoçar com um protestante e conversarmos acerca dos penalties da última jornada, do que aventurarmo-nos em considerações teológicas. (eu, que nem ligo a futebol...)

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