10.2.04

«amar-te este minuto é ser amado
no papel e na tinta e no que escrevo
–no que oiço me vingo, e no que vejo.

Te crio no poema, e mais te creio
no que palavras dizem devagar,
(...)»

Pedro Tamen, Agora, Estar



AGORA, ESTAR, AINDA


Escrever é secreto demais
para não ser acto de amor.

É as letras a estarem juntas por
sabermos que é assim que as queremos. E

amamos e nos deixamos amar
pelas sílabas dum rosto que é outra
coisa, não papel ou tinta ou mão que escreve.

Será olhos e nariz e boca e
beijos e respiração e olhares,
ditos devagar depois de terem sido

Sem comentários: