7.7.06

[outros melros XXXVIII]

JOSÉ CARDOSO PIRES

Alexandra tinha que ir. Regressar a Lisboa, ao seu gabinete, ao novo pessoal, novas reuniões. A mãe ouvia-a, recostada na cadeira, o braço estendido sobre a mesa. Nem uma palavra. Juntava migalhas, juntava-as como quem fazia paciências, e algures no pátio, no freixo certamente, cantava um melro. Alexandra lembrou-se de que os melros tinham uma fidelidade muito especial aos lugares, como lhe explicara em menina o tio Berlengas. Todos os anos havia um melro naquele freixo.

(excerto de Alexandra Alpha, 1987)

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