9.8.06

JOSÉ JORGE LETRIA

COISAS DESMEDIDAS

De coisas desmedidas falo,
não de apocalipses nem de estrelas,
tão pouco do seu jogo mágico e incontrolável,
porque para tanto me não chega
o engenho das mãos nem a enganadora
sabedoria do olhar; estou como se estivesse
em estado precário perante as luzes
e a ilusão de espuma das marés

Os cânticos que me cercam
são os da água e do delírio das algas
rente aos segredos mansos da profundidade

Desmedido me torno a falar disto
e é assim que quero ficar

(de Corso e Partilha, Centro Cultural do Alto Minho, 1989)

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