15.2.07

JOÃO RUI DE SOUSA

A ESCRITA E A FALA


Enquanto o foco da fala
é um jacto que esmorece
no transeunte que abala
para a confusão da estepe
de cimento e ruas pálidas
de murchas árvores cercadas
por lebres motorizadas
(velozes balas ao vento)
a escrita
é um paulatino
ciclista que pedala
na cadeira de um jardim
ou no campestre da sala:
em sossego de marfim
pronto a reter enxurradas
de uma alma em corrupio
por tantas coisas sonhadas,
semoventes, renovadas
- tais sons em trilos de flauta
em torno aos peixes de um rio.

(de Lavra e Pousio, publicações Dom Quixote, 2005)

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