25.4.08

ANA SALOMÉ

Ode da liberdade


devíamos criar uma cidade nova,
livre,
desde as pontas dos dedos, as estradas,
até à polpa das palmas das mãos,
as muralhas,
até ao centro histórico,
para nele vivermos séculos sem fim,
e mergulharmos nos rios,
as linhas do nosso
destino.
devíamos criar um cidade livre,
nova,
desde o vulcão, o nosso
repouso em labaredas,
para um primeiro beijo
fora de território nacional.
até à lonjura da maior
viagem, dormirmos na pousada
que abriga tectos em estrelas,
com os olhos fechados,
trocados, numa nova cidade,
ilha de nós e, quando
regressássemos,
morávamos na nossa
grande casa da árvore,
cravejados de folhas, pássaros e beijos,
as mãos polpa de maçã
um do outro só à espera
de ver nascer a madrugada
debaixo dos braços
para o último arrepio
de todos os tempos:
amarmo-nos.

(daqui e de um livro a sair para breve)

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