22.7.10

HÉCTOR ROSALES


GAIVOTAS


Esse longo cachecol de areia
que aquece o meu andar, estendido
junto aos líquidos umbrais,
tem asas.

Elas levam as mágoas
sonolentas que o Verão reuniu
em sua casa. Anónima
então a alma, livre,
mais leve. Que ficou
de mim nesta franja?

Quando as ondas começaram
a vestir de luto as chegadas
– quietos o céu, os seus vidros
iniciais, candeeiros, focos, faróis –
uma dor recém-nascida
(a pequena plumagem
hirta entre algas)
fez-me voltar
ao que fui antes.


(in O Mar na Poesia da América Latina, selecção de textos e ensaio de Isabel Aguiar Barcelos, tradução dos poemas de José Agostinho Baptista, Assírio & Alvim, 1999 – documenta poetica / original de Visiones y Agonías, 1979)

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