6.12.11


LI BAI


Ode à Lua na montanha Emei

A Lua de Outono, em quarto crescente,
       brilha sobre a montanha Emei,
sua claridade pálida cai
       e corre com as águas do rio Ping.
Deixo Qingsi, esta noite,
       rumo às Três Gargantas do Grande Rio.
Passo diante de Yuzhou e penso em vós,
       não fui capaz de vos dizer adeus.


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[nota do Tradutor:] Considerado há vários séculos um dos mais perfeitos de toda a poesia chinesa, eis um poema de "impossível" tradução. Trata-se de uma despedida, Li Bai aos 26 anos pede desculpa a um amigo por não o haver visitado. As referências geográficas e os topónimos (todos na província de Sichuan), que em chinês cadenciam rima e ritmo, desfiguram o poema, em qualquer outra língua.
A Lua, do alto do céu, observa a Terra inteira e aproxima os amigos ou amantes distantes, basta que ambos, em lugares diferentes, olhem a Lua exactamente a uma mesma hora. Este poema, dada a inexistência de géneros masculino e feminino na língua chinesa, pode ser dedicado não a um amigo mas a uma mulher, transformando-se num poema de amor.




Ode à Lua na montanha Emei
(desenho de autor desconhecido para um poema de Li Bai)


(in Poemas de Li Bai, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu, Instituto Cultural de Macau, 1990)

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