8.12.13

BREYTEN BREYTENBACH


HÁ UM PÁSSARO IMENSO...

há um pássaro imenso meu amor
talvez um cisne selvagem
ou um albatroz cativo
ou falcão da montanha meu amor
de imenso e luminoso pico de neve

o seu rumo nocturno não podemos vê-lo
pois negro é o seu peito e o seu bico
mas o seu canto vibra como uma estrela

o dorso, e as ósseas penas, são azuis
e assim, também de dia não o vemos
porque voa, na altura, de ventre virado ao sol

dele, apenas, por vezes, duas sombras
atravessam teus olhos meu amor

dúbia é a cor da cor do meu amor
escuro rondando o escuro, noite minha
e sempre, sempre entre os meus olhos e eu


(tradução de Mário Cesariny, in Enquanto Houver Água na Água e outros poemas, Publicações Dom Quixote, 1979)

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