18.8.09

CARLOS BESSA

o desemprego à janela numa ilha


Um silêncio d'alma nós à janela
Uma janela sobre Angra
Com o seu casario maioritariamente branco.
À janela o território, pão e vigilância
Advém moldura onde se fecha a memória
Com a luz coada de uma folhagem que
Até ao mar cai em íngremes socalcos.
Uma espuma negra e industrial
De restos e contentores
Cheios de gatos vagarosos e cães que rangem
Ao sol, ao tanto sol do pátio da alfândega
Onde, com o salário por um fio
Andam homens e mulheres à deriva
Enquanto nós, sopa pão sumo de laranja
Sorrimos, sorrimos.

(de Em Trânsito, &etc, 2003)

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Graça Pires disse...

Olá Rui! Andei a passear nesta tua rua onde distribuis poesia e vou continuar o passeio porque estou a gostar.
Um abraço.

pin gente disse...

e tantas vezes sorrimos para não chorar!
vim aqui pela mão da graça pires.
um abraço