27.7.03

A esse monstro moderno chama-lhe a filosofia absurdo - embora o mundo persista em chamar-lhe opinião pública.
E é este o vulto escuro que interpõe sempre a sua forma confusa entre a verdade e os homens. É a maldição das sociedades democráticas, a contradição das forças colectivas, a sua verdade.
Lança mil vozes discordantes numa mesma hora a sua boca, que se chama imprensa. E como é um deus monstruoso os seus sacerdotes são disformes e grotescos, são bonzos e não apóstolos; e o mundo que lhes obedece não pode todavia reprimir um sorriso de escárnio ao ver passar a falange sagrada dos jornalistas!

(ANTERO DE QUENTAL, citado por António José Saraiva in Colóquio Letras, n.º 103 - Maio-Junho de 1988)

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