11.1.04

ÉSQUILO

CORO DOS ANCIÃOS DE ARGOS:
(...)
Terríveis são os propósitos do povo animado pelo ressentimento, e sempre a maldição popular pagou a quem lhe deve. Sinto-me angustiado pelo medo de assistir a alguma trama tenebrosa, pois aqueles que fazem correr sangue nunca escapam aos olhares dos deuses. Um dia virá, no curso das vicissitudes que consomem a nossa vida, em que as negras Erínyas destruirão o homem feliz que menosprezou a justiça, e não há qualquer apelo para aquele que elas fazem desaparecer. Um nome altamente ilustre expõe-se a muitos perigos, porque é sobre os notáveis que cai o dardo de Zeus.
O que pretendo é uma felicidade que não excite a inveja. Oxalá consiga não ser um destruidor de cidades nem um cativo que vê a sua vida submetida aos caprichos de um vencedor!
(...)

(da peça Agamémnon, incluída em Teatro Completo, tradução de Virgílio Martinho; Introdução de Jorge Silva Melo, 2ª ed: editorial Estampa, 2002)