10.2.05

JEAN-CLARENCE LAMBERT

"FRAGMENTOS E LEGENDAS"

As palavras por vezes refugiam-se
no interior da boca
por detrás dos dentes

Enquanto esperas, diz ele, toma atenção
às coisas que não tiveram começo
a isso que é tão negro como o coração.

Estamos em desacordo, eu e a minha sombra.

Em todas as coisas faço parte do abismo.

Uma temporada fora do inferno,
sob as estrelas frias.

Movimentos impecáveis em direcção ao inacessível.

Transportar o que sobra dos acontecimentos para outro
presente, se possível anterior.

E tudo isto acontece na fenda entre a questão e a resposta.

(tradução de Casimiro de Brito, in Poesia em Lisboa 2000, Casa Fernando Pessoa e P.E.N. Clube Português, 2000)

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