9.2.05

VITORINO NEMÉSIO

SILÊNCIO

Silêncio é peso de Deus.
Levantar a voz começa
A pôr o homem sozinho
Como o morto numa essa.

Só o poeta, calado,
Écomo a espada dura
E o juízo formado.
Sua mão, no joelho,
Dá a medida pura
De um sonho muito velho.

Não dizer nada!
Ter um fato de lã
E a mão nele, apanhada
A maçã
Da promessa...
Mão de meu tio antigo,
Era essa, era essa
Que não trago comigo!

(poema inicial de Nem Toda a Noite a Vida, 1952)

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