E quais são as palavras com que um homem
responde às tardes de sol?
17.6.04
JOSÉ GOMES FERREIRA
Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformaram.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
«Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela.»
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...
(primeiro poema, de 1931, de Poeta Militante - Viagem do Século Vinte em mim)
Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformaram.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
«Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela.»
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...
(primeiro poema, de 1931, de Poeta Militante - Viagem do Século Vinte em mim)
A entrada anterior é resultado de um certo cansaço mental, mas também da necessidade de canalizar energias criativas para outras coisas que desejo fazer.
Foi com uma intensa perplexidade feliz que me fui deparando com as reacções de alguns amigos.
Não faz, pois, sentido parar - mas necessito abrandar...
Talvez o Mestre Zé Gomes, a seguir, explique melhor o que tenho para dizer.
Foi com uma intensa perplexidade feliz que me fui deparando com as reacções de alguns amigos.
Não faz, pois, sentido parar - mas necessito abrandar...
Talvez o Mestre Zé Gomes, a seguir, explique melhor o que tenho para dizer.
14.6.04
Somewhere...
We'll find a new way of living
Páro por aqui...
Não sei se definitivamente, mas páro.
Numa semana em que teria muito para dizer.
Dos 100 anos do dia de Bloom e dos 60 de Chico Buarque;
dos livros de Ruy Ventura e de Gonçalo M. Tavares que são do melhor de agora;
dos discos de Fausto e de José Mário Branco que provam que a cantiga continua mesmo a ser uma arma contra a buguesia;
da edição da Naxos do West Side Story que comprei há dias (uma das faixas lembra-me da imensa vergonha que é ainda não ter dado os parabéns ao Tiago...);
da fantástica pechincha de menos de 5 euros, na FNAC do Colombo, que foi o CD com as primeiras gravações do David Bowie, incluindo a primeira versão do Space Oddity;
das traduções que ando a fazer de Desnos;
do projecto A Naifa que me fez ir voltar a ouvir a Linha da Frente, o Wordsong (com poemas do Al Berto) e o projecto Os Poetas, mas também o CD de Vitorino de Almeida, Gaudeamus, em que musicou poetas de todos os países da UE (em 1996) ou os excelentes tabalhos de Lopes Gaça com a poesia portuguesa.
Talvez o ter demasiado paa dizer me deixe demasiado cansado... Talvez não tenha o talento para o dizer...
Fico por aqui.
Talvez volte.
There's a place for us A time and place for us
We'll find a new way of living
Páro por aqui...
Não sei se definitivamente, mas páro.
Numa semana em que teria muito para dizer.
Dos 100 anos do dia de Bloom e dos 60 de Chico Buarque;
dos livros de Ruy Ventura e de Gonçalo M. Tavares que são do melhor de agora;
dos discos de Fausto e de José Mário Branco que provam que a cantiga continua mesmo a ser uma arma contra a buguesia;
da edição da Naxos do West Side Story que comprei há dias (uma das faixas lembra-me da imensa vergonha que é ainda não ter dado os parabéns ao Tiago...);
da fantástica pechincha de menos de 5 euros, na FNAC do Colombo, que foi o CD com as primeiras gravações do David Bowie, incluindo a primeira versão do Space Oddity;
das traduções que ando a fazer de Desnos;
do projecto A Naifa que me fez ir voltar a ouvir a Linha da Frente, o Wordsong (com poemas do Al Berto) e o projecto Os Poetas, mas também o CD de Vitorino de Almeida, Gaudeamus, em que musicou poetas de todos os países da UE (em 1996) ou os excelentes tabalhos de Lopes Gaça com a poesia portuguesa.
Talvez o ter demasiado paa dizer me deixe demasiado cansado... Talvez não tenha o talento para o dizer...
Fico por aqui.
Talvez volte.
There's a place for us A time and place for us
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