EGITO GONÇALVES
A PRIMAVERA
Pouco sabemos sobre a Primavera!
Mas sabemos que as árvores reverdecem,
navios dançam sobre vagas curtas
e às janelas abrem-se os sorrisos
que adoçam os olhares e as manhãs.
Sabemos que o amor vem dos telhados
para ceifar os restos da agonia
e no ar límpido que anuncia o Verão
a coragem ganha alento, novos ritmos.
Sabemos que são fáceis as viagens
e o lançar de escadas sobre o abismo;
que os ventos são amenos e é possível
com um sopro afastar o silêncio e a angústia.
Sabemos que um relógio quebra a inércia
e ordena que se queimem os arquivos;
que há pássaros e peixes que perfuram
a rede com que o cerco nos limita.
Sabemos que então se lavra a terra
onde germina o pão e os lilases
e é doce repousar sobre os teus seios
— primaveras também, esperança, vida...
A PRIMAVERA
Pouco sabemos sobre a Primavera!
Mas sabemos que as árvores reverdecem,
navios dançam sobre vagas curtas
e às janelas abrem-se os sorrisos
que adoçam os olhares e as manhãs.
Sabemos que o amor vem dos telhados
para ceifar os restos da agonia
e no ar límpido que anuncia o Verão
a coragem ganha alento, novos ritmos.
Sabemos que são fáceis as viagens
e o lançar de escadas sobre o abismo;
que os ventos são amenos e é possível
com um sopro afastar o silêncio e a angústia.
Sabemos que um relógio quebra a inércia
e ordena que se queimem os arquivos;
que há pássaros e peixes que perfuram
a rede com que o cerco nos limita.
Sabemos que então se lavra a terra
onde germina o pão e os lilases
e é doce repousar sobre os teus seios
— primaveras também, esperança, vida...
(de Poemas Políticos (1952-1979), Moraes editora, 1980)