[Hoje]
19.7.07
18.7.07
AMADEU BAPTISTA
LUDWIG VAN BEETHOVEN: ODE AN DIE FREUDE, DA SINFONIA No. 9
Não sei se isto é um hino e os anjos
precisam deste instrumento
para ampliar o silêncio. O que sei
é que chega de longe esta surpresa
de poder segmentar em força o coração
que em mim pulsa e eu não sei
de onde vem quando na música
pressinto um tema que só aos anjos pode pertencer
pela pujante candura dos acordes
e a humilde magnificência da alegria.
Tudo quanto ignoro é que está bem.
(de O Bosque Cintilante, Juntas de Freguesia de S. Lourenço e de S. Simão (Azeitão), 2007 - Prémio Nacional Sebastião da Gama)
LUDWIG VAN BEETHOVEN: ODE AN DIE FREUDE, DA SINFONIA No. 9
Não sei se isto é um hino e os anjos
precisam deste instrumento
para ampliar o silêncio. O que sei
é que chega de longe esta surpresa
de poder segmentar em força o coração
que em mim pulsa e eu não sei
de onde vem quando na música
pressinto um tema que só aos anjos pode pertencer
pela pujante candura dos acordes
e a humilde magnificência da alegria.
Tudo quanto ignoro é que está bem.
(de O Bosque Cintilante, Juntas de Freguesia de S. Lourenço e de S. Simão (Azeitão), 2007 - Prémio Nacional Sebastião da Gama)
16.7.07
RUTE MOTA
Falam-me de náufragos
e de barcos à deriva –
e é o meu nome como uma prece.
Falam-me dos barcos e dos gritos
dos homens – e eu simulo o sono
como se deles não soubesse.
_____________
Memorando para o presente infinitivo:
abrir janelas nas linhas contínuas como paredes
afastar-me e deixar à terra a guarda
da imperturbável hibernação dos bichos
deixar as palavras expostas
para que ardam ou gelem ou se recuperem
e só depois voltar à casa
ao desarranjo possível dos quadros.
_____________
Esse gato ―
senhor único
do meu colo.
Patas brancas
majestosas ―
não me iludo.
Outro trono
não conhece
que não o sol.
Anoitece ―
a terra toda
submetida.
_____________
Se a voz, pequeno segredo
se desfaz –
na voz, outros segredos
se levantam.
_____________
Do silêncio, se é de vidro,
faço estilhaços ― e não lamento:
que reflictam gumes e lâminas
fiapos multiformes, gritos
luzes se ainda as houver.
(de Nenhuma Palavra nos Salva, editora Livro do Dia, 2007)
Nasceu em 1980.
Publicou prosa e poesia no DN Jovem e contos nas revistas Periférica e Pessoal. Tem publicado na revista on-line Minguante e colaborou na antologia poética Poesia no Porto Santo (P.E.N. Clube Português, 2006), com a tradução, a partir do francês, de alguns poemas de Maram al-Masr. Mantém o blog Esta distância que nos une.
Publicou prosa e poesia no DN Jovem e contos nas revistas Periférica e Pessoal. Tem publicado na revista on-line Minguante e colaborou na antologia poética Poesia no Porto Santo (P.E.N. Clube Português, 2006), com a tradução, a partir do francês, de alguns poemas de Maram al-Masr. Mantém o blog Esta distância que nos une.
Falam-me de náufragos
e de barcos à deriva –
e é o meu nome como uma prece.
Falam-me dos barcos e dos gritos
dos homens – e eu simulo o sono
como se deles não soubesse.
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Memorando para o presente infinitivo:
abrir janelas nas linhas contínuas como paredes
afastar-me e deixar à terra a guarda
da imperturbável hibernação dos bichos
deixar as palavras expostas
para que ardam ou gelem ou se recuperem
e só depois voltar à casa
ao desarranjo possível dos quadros.
_____________
Esse gato ―
senhor único
do meu colo.
Patas brancas
majestosas ―
não me iludo.
Outro trono
não conhece
que não o sol.
Anoitece ―
a terra toda
submetida.
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Se a voz, pequeno segredo
se desfaz –
na voz, outros segredos
se levantam.
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Do silêncio, se é de vidro,
faço estilhaços ― e não lamento:
que reflictam gumes e lâminas
fiapos multiformes, gritos
luzes se ainda as houver.
(de Nenhuma Palavra nos Salva, editora Livro do Dia, 2007)
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