30.4.05

[Eu vi! Eu juro que vi! está na base de dados online da Biblioteca Nacional:]

As revoluções das obras celestes / Nicolau Copérnico, trad. de A. Dias Gomes, Gabriel Domingues, introd. e notas de Luis Albuquerque. - Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 1984. - XXIX, 657 p. : il., 1 fotografia ; 22 cm. - Trad. de: De revolutiomus erleium coolestium

29.4.05

[uma mesa cheia de tipos para festejar um aniversário (e mais outro) dão sentido a um aforismo de Lutero:]

MARTIN LUTHER

Quem não gostar de música, mulheres e vinho,
Não passará toda a vida de um tolinho.

(trad. de Paulo Quintela, in Obras Completas IV / traduções III, Fundação Calouste Gulbenkian, 1999)

28.4.05

[outros melros XXIV]

RUY CINATTI

Uma estória

Para Maluda,
Leonor Correia de Sá,
Simão Barreto, timorense e meu irmão de sangue,
Marta Avillez
e Fausto


Tenho minhas mãos vazias
e só Deus mas pode encher
de flores selvagens, estrelas
e de um bafo de mulher.

Foram tempos de folia
abaixo do meu querer.
Tão disperso, nele havia
imagens de estarrecer.

Eram cavalos alados
de cascos de sal e espuma
e um dedo desenhando
fugas de incerta fortuna.

Era o amor de três laranjas
e uma corda ao pescoço.
O sorriso de Maria
fulgurante nos meus cílios.

Eram, repito, fantasmas
- minha estranha condição -
Mas uma estrela apontava
Rumos ao meu coração.

O que o futuro me tece
não o sei, mas adivinho
a noite que me amanhece
sem que me encontre sozinho.

- Um melro surpreendido
voando montanha acima.
A semente, menos viva,
rompendo floridas brácteas.

9/4/83

(in Colóquio / Letras n.º 75 ? Setembro de 1983)

26.4.05

ROGER WATERS

WHO NEEDS INFORMATION

Billy
I'm from the valleys
Jim
You're from the valley?
Billy
No, Jim you schmuck, the Valleys
Wales, male voice choirs.
Jim
Whales? Now is this sperm or blue-tip?
Billy
Ha, ha, ha, ha. Very funny Jim
Jim
Sorry
Billy
Me and Benny went out
Jim
Who's Benny?


Me and Benny went out last night
Looking for fun
Supping ale in the moonlight
Waiting for the dawn to come
Benny pointed at a HiFi shop
He said
Hey man look at all the stuff they've got
How'd you make a have out of a have not? Hmmmm
Who needs information
When you're working underground?
Just give me confirmation
We could win a million pounds
Benny climbed up on a footbridge
And he teetered on the parapet
He said can you see the whites of their headlights?
Are they coming yet?
Who needs information
This high off the ground?
Just give me confirmation
We could win a million pounds
Who needs information
When you're living in constant fear?
Just give me confirmation
There's some way out of here
Some way out of here
Some way out of here
Some way out of here
Out of here, some way
Out of here, some way
Out of here, some way out of here
Benny hefted a breezeblock
And tried to let go
Got hung up on a tear drop
So me and Benny went home
Who needs information
When you're living in constant fear?
Just give me confirmation
There's some way out of here
Some way out of here
Some way out of here
Some way out of here
Out of here, some way
Out of here, some way
Out of here, some way out of here
Who needs information yeah
When you're living on borrowed time?
Just give me confirmation
There will be a winner this time
Who needs information
When you're working underground?
Just give me confirmation
We could win a million pounds
Who needs, who needs, who needs information
This high off the ground?
Just give me confirmation
We could win a million pounds - yeah

Morse Code
"it is they that must fight and die ... Herbert Hoover"
Jim
Um
Jim lights a cigarette
Jim
So your brother's in jail?

(do álbum Radio Kaos, 1987)

25.4.05

RUY CINATTI

25/4/74

Às oito horas da manhã, houve notícias...

E eu que da janela vejo o rio
saudei outra janela e recolhi.

Falei à gente!
Ouvi notícias!

(poema inicial da sequência Os 25 dias menos íntimos, incluída em Cravo Singular, 1974)

24.4.05

LUÍS MIGUEL NAVA

VITRINES

Por dentro do meu corpo, onde é possível separar do sangue os vários órgãos, a quem destes o contemple é dado vê-lo embravecer contra as vitrines. Desnudarmo-nos é pouco, há que mostrar as vísceras, pensei quando tal fiz pela primeira vez. Conheço alguém a quem a fome serve de lanterna, a quem em certas ocasiões ela se torna levemente luminosa, e de algum modo sinto que do fundo do seu espírito procura fazer vir a lua à superfície.

(de Rebentação, 1984)
CARLOS LEITE

fala o luís miguel nava


Mas tu vê claramente isto: os degraus de pedra
que sobem para o hipermercado dos vivos
O último degrau
é este o teu lugar de eleição: adolescentes
os últimos versos descem a escadaria (alta a noite
alta a lua) ainda e sempre o Verão amarelo
os ombros nus Despe-os dobram o passo para ti

(de Ostende, Black Sun editores, 1997)