WISLAWA SZYMBORSKA
FOTOGRAFIA DE 11 DE SETEMBRO
Atiraram-se dos andares em chamas.
Um, dois, ainda alguns,
mais acima, mais abaixo.
A fotografia deteve-os na vida,
preservou-os
sobre a terra ruMo à terra.
Cada um ainda na íntegra,
com rosto individual
e sangue bem guardado.
Ainda há tempo
para os cabelos esvoaçarem
e do bolso caírem
chaves e alguns trocos.
Ainda estão ao alcance do ar,
no âmbito dos lugares
que acabaram de se abrir.
Só duas coisas posso por eles fazer:
descrever este voo
e não acrescentar a última frase.
(de Instante, tradução de Elzbieta Milewska e Sérgio Neves, Relógio d'Água, 2006)
11.9.10
6.9.10
DORA RIBEIRO
um poeta se faz no silêncio
em bocas sem palavras
onde as horas são becos escuros
e os lábios difíceis marcas do tempo
um poeta se faz no oco do mundo
em lugares expostos e secretos
minúsculos
mas incendiáveis
(de Outros Poemas, 1997 - in o poeta não existe, Angelus Novus / Cotovia, 2005 - Colecção Inimigo Rumor)
um poeta se faz no silêncio
em bocas sem palavras
onde as horas são becos escuros
e os lábios difíceis marcas do tempo
um poeta se faz no oco do mundo
em lugares expostos e secretos
minúsculos
mas incendiáveis
(de Outros Poemas, 1997 - in o poeta não existe, Angelus Novus / Cotovia, 2005 - Colecção Inimigo Rumor)
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