JORGE DE SENA
(carta a Helder Macedo, datada de «Lisboa, 17 de Agosto de 1972»)
[...] como sublinhei, indirectamente num dos “exorcismos”, não sou dos tolos que voltam para o anonimato quotidiano por parte destes ladrões de estrada, que compõem, com honrosas excepções, esta pátria de alguns heróis e muitos malandros. No entanto, sente-se finalmente uma efervescência e uma consciencialização indignada, a todos os níveis populares, de que é preciso sair do beco e “andar para a frente” – e, sobretudo, uma revoltada exigência de que a ladroeira e a negociata sejam postas na ordem (o que pode, também, abrir caminho a todos os perigos – mesmo de D. Sebastiões chamados Spínolas).
(carta a Helder Macedo, datada de «Lisboa, 17 de Agosto de 1972»)