GILBERTO MENDONÇA TELES
CAMUFLAGEM
Havia um sujeito puro,
capaz das coisas mais ternas.
Veio o mundo com seus m'urros,
com seus disfarces de fera
(casco de ouro reluzindo
na arquitetura da noite)
e transformou tudo em cinza
na gestação de seus coices.
Cavalgou pelo silêncio
seus cavalos cor de barro
e foi largando no chão
o -ão do não de seus passos.
Depois, com dentes e unhas,
mostrou-se inteiro, no avesso:
era outro i'mundo, mas c'ego,
não tinha garras aduncas,
não tinha amarras nos murros,
não era fúria nem f'era,
nem viu o sujeito puro,
capaz das coisas mais ternas.
(de A Raiz da Fala, 1972)
CAMUFLAGEM
Havia um sujeito puro,
capaz das coisas mais ternas.
Veio o mundo com seus m'urros,
com seus disfarces de fera
(casco de ouro reluzindo
na arquitetura da noite)
e transformou tudo em cinza
na gestação de seus coices.
Cavalgou pelo silêncio
seus cavalos cor de barro
e foi largando no chão
o -ão do não de seus passos.
Depois, com dentes e unhas,
mostrou-se inteiro, no avesso:
era outro i'mundo, mas c'ego,
não tinha garras aduncas,
não tinha amarras nos murros,
não era fúria nem f'era,
nem viu o sujeito puro,
capaz das coisas mais ternas.
(de A Raiz da Fala, 1972)
Sem comentários:
Enviar um comentário