[TdA]
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
ODE À MANEIRA DE HORÁCIO. I
Feliz aquela que efabulou o romance
Depois de o ter vivido
A que lavrou a terra e construiu a casa
Mas fiel ao canto estridente das sereias
Amou a errância o caçador e a caçada
E sob o fulgor da noite constelada
À beira da tenda partilhou o vinho e a vida
(de O Búzio de Cós e outros poemas, editorial Caminho, 1997)
8.3.06
6.3.06
[faz hoje treze anos que morreu Vieira da Silva]
MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA
(imagens reproduzidas a partir do catálogo da exposição Vieira da Silva nas Colecções Internacionais, Assírio & Alvim / Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, 2004)
JOSÉ MÁRIO SILVA
«A LUTA COM O ANJO»
[M. H. VIEIRA DA SILVA]
I
Já não há nenhum segredo, nenhuma sombra,
só o cansaço do corpo perdido na brancura, a
voz luminosa deslizando sobre as coisas, como
este vulto a que ainda podemos dar um rosto.
II
Para trás ficou tudo: a infância fechada sobre
si mesma, os pequenos fulgores do tempo, a
memória tecendo a sua teia sobre o cavalete.
As mãos vazias, agora. E o olhar da morte.
III
É este o espaço inominável, a última porta.
Alguma vez haveria de chegar aqui: ao ponto
de fuga, lugar do adeus, centro do labirinto.
IV
O anjo também capitulou. Derrubado pela
mesma luz. Como se fôssemos iguais.
(de Nuvens & Labirintos, Gótica, 2001)
MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA
La lutte avec l'ange I, 1992
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
La lutte avec l'ange II, 1992
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
La lutte avec l'ange III, 1992
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
43,3 x 27,3 cm
Col. particular, Paris
(imagens reproduzidas a partir do catálogo da exposição Vieira da Silva nas Colecções Internacionais, Assírio & Alvim / Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, 2004)
JOSÉ MÁRIO SILVA
«A LUTA COM O ANJO»
[M. H. VIEIRA DA SILVA]
I
Já não há nenhum segredo, nenhuma sombra,
só o cansaço do corpo perdido na brancura, a
voz luminosa deslizando sobre as coisas, como
este vulto a que ainda podemos dar um rosto.
II
Para trás ficou tudo: a infância fechada sobre
si mesma, os pequenos fulgores do tempo, a
memória tecendo a sua teia sobre o cavalete.
As mãos vazias, agora. E o olhar da morte.
III
É este o espaço inominável, a última porta.
Alguma vez haveria de chegar aqui: ao ponto
de fuga, lugar do adeus, centro do labirinto.
IV
O anjo também capitulou. Derrubado pela
mesma luz. Como se fôssemos iguais.
(de Nuvens & Labirintos, Gótica, 2001)
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