RUY CINATTI
A NOSSA SENHORA
Então, vida e tecla do visível
amparo dos mortais, ei-la, senhora
dos espaços siderais
e mãe na terra.
Cruzada pelas espadas
no coração - fruto sensível
que se mastiga com amor, com nojo -
adormece no sonho.
Gera mitos e lendas.
Conhece devaneios e surpresas:
mãos estendidas, joelhos
na pedra rija.
Vómitos de cera
honram-na em lágrimas
humedecendo faces
ou repentes de alegria.
Ei-la, portanto, senhora
nos espaços siderais
e na terra mãe
desamparada.
Seu olhar magoado
fere um intranquilo
raio de luz.
E entro no templo
onde milhares de mãos compadecidas
acendem círios.
Digo: Maria!
Ouço: Meu filho!
(de Corpo - Alma, editorial Presença, 1994 - colecção forma)
mas é romano ou romântico?
Há 10 horas