18.8.11

JOÃO MIGUEL FERNANDES JORGE


27


Recusarei a ave que pergunta
no inverno a floresta que jurei
plantar? E se a asa não passa de
um adeus, depois pedra corroída?

O rosto, rosa e junho caminhando.
Não há terra nem água no nosso
pensamento. Tu, destruída, os olhos
foram verdes ou castanhos?

Não conheço entre amor e festa,
entre erva e dedos. A alma toma fim
em nenhuma destas partes, creio?

Um rei procura os limites do mar,
o poeta o sono através da unidade.
E eu erguendo recordação ou fuga?


(de Sob Sobre Voz, 1971)



Sétima Legião
Os Limites do Mar
(de Mar d'Outubro, 1988)

17.8.11

MARÍA VICTORIA ATENCIA


AGOSTO


Hei-de integrar-me nestas horas cálidas,
neste persuasivo agosto, no passar de seus dias
enquanto decorre o ano e eu decorro,
de almanaque na mão e na minha pele sempre
- e eu, rebelde -, a consumir-me em vão
antes de descobrir que o verão me agosta
e que hei-de deixar esta umbria que começo a sentir erma.


(tradução de José Bento, in Antologia Poética, Assírio & Alvim, 2000 - documenta poetica / original de Las contemplaciones, 1997)