THOM GUNN
Sempre ao Redor
O mundo do faroleiro é redondo,
os seus haveres erguendo-se num círculo
— Lá dentro tudo o que o homem pode desejar,
Uma mulher, um rádio, pão, geleia, sabão;
Porém, aos poucos a sua esperança fatigada
Irrompe para viver sobre o som
Que as ondas rodopiando fazem ao rebentar
À custa do seu próprio esforço
— O mundo do faroleiro é redondo.
Interroga-se, subindo a escada em caracol
para dirigir a lanterna que ilumina os barcos,
Por que razão aquilo que sempre foi dele se ergue
Com o rosto voltado para o centro;
Dos livros, amontoados nas mesas, aprendeu
Que os mundos do litoral são também redondos, não quadrados,
Mas lá as coisas dançam com os rostos voltados
Para o exterior: rostos de medo e dúvida?
Interroga-se, subindo a escada em caracol.
Quando há acalmia, são seguros os rochedos
Para fazer um pouco de exercício,
Mas tudo o que faz é fixar os seus olhos
Sobre aquele totem enorme de onde saiu
E onde os pensamentos dançam em redor do que não mudará
— O seu secreto e silencioso desgosto.
As ondas não têm sol, mas são apanhadas pelos raios
Ao rolarem mais abaixo dos seus pés, perverso sal,
Quando, numa acalmia, são seguros os rochedos.
(tradução de Maria de Lourdes Guimarães, in A Destruição do Nada e outros poemas, Relógio d'Água, 1993)
Sempre ao Redor
O mundo do faroleiro é redondo,
os seus haveres erguendo-se num círculo
— Lá dentro tudo o que o homem pode desejar,
Uma mulher, um rádio, pão, geleia, sabão;
Porém, aos poucos a sua esperança fatigada
Irrompe para viver sobre o som
Que as ondas rodopiando fazem ao rebentar
À custa do seu próprio esforço
— O mundo do faroleiro é redondo.
Interroga-se, subindo a escada em caracol
para dirigir a lanterna que ilumina os barcos,
Por que razão aquilo que sempre foi dele se ergue
Com o rosto voltado para o centro;
Dos livros, amontoados nas mesas, aprendeu
Que os mundos do litoral são também redondos, não quadrados,
Mas lá as coisas dançam com os rostos voltados
Para o exterior: rostos de medo e dúvida?
Interroga-se, subindo a escada em caracol.
Quando há acalmia, são seguros os rochedos
Para fazer um pouco de exercício,
Mas tudo o que faz é fixar os seus olhos
Sobre aquele totem enorme de onde saiu
E onde os pensamentos dançam em redor do que não mudará
— O seu secreto e silencioso desgosto.
As ondas não têm sol, mas são apanhadas pelos raios
Ao rolarem mais abaixo dos seus pés, perverso sal,
Quando, numa acalmia, são seguros os rochedos.
(tradução de Maria de Lourdes Guimarães, in A Destruição do Nada e outros poemas, Relógio d'Água, 1993)