27.10.13

MANUEL DE FREITAS


1998, LOU REED

Foi tão estranho. O barulho
do nada sobrepunha-se
nas mais diversas línguas
àquela frágil tentativa de concerto.

Enquanto nós, trio deveras
implausível, comprávamos
vinho mau e sandes de chouriço.
Não era bem o apogeu de Lisboa;
seria antes o princípio da morte,
indiferente aos fogos de artifício
que haveriam de selar o desencontro.

Preferíamos, sem dúvida,
uns restos de magia,
uma desculpa qualquer para estarmos
efectivamente ali, depois de poluídos
- e só mais tarde rasgados –
os lençóis que nos cobriam.
(That’s the story of my life.)

O Tejo, talvez por vossa causa,
nunca me pareceu tão triste.


(de Jukebox, Teatro de Vila Real, 2005)

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