23.2.06

ADRIAEN BROUWER

Os jogadores de cartas
Óleo sobre madeira, 25 x 39 cm - séc. XVII
Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antuérpia


PHILIP LARKIN


Os jogadores de cartas


Jan van Swinovomit cambaleia para a porta
E mija para a escuridão. Lá fora, a chuva
Corre pelos trilhos das carroças na lama funda.
Lá dentro, Dirk Kagaljan enche mais um copo
E com tenazes chega mais uma brasa ao cachimbo,
Arrotando fumo. O velho Karaljeuw ronca com a tormenta,
E abre mexilhões, e grasna passos de cantigas
De amor para as vigas de onde pendem presuntos.
Dirk dá as cartas. Árvores com a largura de séculos
Entrechocam-se, húmidas, no céu sem estrelas por cima
Desta gruta alumiada, onde Jan se peida mal volta,
Escarra para a lareira e puxa a dama de copas.

Chuva, vento e fogo! A paz secreta e animal!

(de High windows / Janelas altas, tradução de Rui Carvalho Homem, edições Cotovia, 2004)
No mesmo dia em que vejo o post em que Pedro Mexia diz:
«Larkin (bem como o seu mestre Thomas Hardy) é um dos meus poetas favoritos e uma das influências mais notórias naquilo que escrevo, sobretudo numa visão do mundo (e da poesia) eminentemente disfórica»

leio no texto de Rui Carvalho Homem que acompanha a sua tradução de Janelas Altas, de Philip Larkin (edições Cotovia, 2004):
«(...) E desenham-se perante o leitor os traços reconhecíveis de uma persona masculina que, entre o conformismo e uma amargura mal escondida, retrata como inépcia ou como inadequação a sua não-excepcionalidade (social, sexual, nas demandas económicas) (...)»

22.2.06

Hoje na Terra da Alegria:

- O Marco dá mais uma "lição" daquelas a que ele nos tem habituado: bem documentada e com uma boa dose de humildade;

- O Tim continua a partilhar connosco a leitura da encíclica de Bento XVI;

- O Miguel prova que, por vezes, blasfemar e meter tudo no mesmo saco são os melhores caminhos para a lucidez.