RUTH FAINLIGHT
ESSA PRESENÇA
Como um pintor afastando-se do cavalete,
erguendo-se da mesa de trabalho
com o pincel cheio de tinta, para ver melhor
onde é preciso outro toque de vermelho, como
um tapeceiro ponderando se chegou
a altura de mudar o padrão, um escultor
hesitando antes do primeiro e decisivo corte,
medito um poema, repetindo palavra por palavra,
tentando entender onde é preciso alterar uma nota,
testando a respiração, o sentido e a sorte,
como quem fita a superfície de um espelho
através dos insondáveis níveis entre vidro e prata
até às pupilas dessa presença reflectida
que por cima do meu ombro emerge das suas profundezas.
(in Visitação, tradução colectiva em Mateus, Quetzal editores, 1995)
ESSA PRESENÇA
Como um pintor afastando-se do cavalete,
erguendo-se da mesa de trabalho
com o pincel cheio de tinta, para ver melhor
onde é preciso outro toque de vermelho, como
um tapeceiro ponderando se chegou
a altura de mudar o padrão, um escultor
hesitando antes do primeiro e decisivo corte,
medito um poema, repetindo palavra por palavra,
tentando entender onde é preciso alterar uma nota,
testando a respiração, o sentido e a sorte,
como quem fita a superfície de um espelho
através dos insondáveis níveis entre vidro e prata
até às pupilas dessa presença reflectida
que por cima do meu ombro emerge das suas profundezas.
(in Visitação, tradução colectiva em Mateus, Quetzal editores, 1995)