LUÍS CARLOS PATRAQUIM
TRÊS VARIAÇÕES SOBRE O ESCURO ANTERIOR
o olho intrusivo
pouco
o que vês na paisagem
se houvesse
e
dizes a palavra muda
há uma savana anjo
que te redime
ela
pietá
a invisível árvore
e tu
filho de nada
no seu colo
*
Alta noite
depois do escuro anterior
eu vi a máquina
a máquina prótese
epigramática
e meu canto tinha a tensão de um arco
e cada grito era uma seta
*
Coração neuronal sanguínea pulsante fonte
de que mar beber-te a inteligência
que a voz pergunta
um chuço passou
e a cabeça larvar corre adiante
oscilando sob a Lua
As adagas flanqueiam a Carne
orgiásticas
subindo até à transcendência
do Gesto
o que dança
e explode da lava e a isso chamamos Mãe
e rasgamo-la!
Ei-lo! O cavaleiro mongol degolando
a última estrela
Um pescoço de nuvem onde
pasmam as gazelas cúbicas
sossegadas
(«unpublished poems for "Anjos Urbanos" exhibition by José Cabral», in Urban Angels, P4Photography, 2009)
TRÊS VARIAÇÕES SOBRE O ESCURO ANTERIOR
o olho intrusivo
pouco
o que vês na paisagem
se houvesse
e
dizes a palavra muda
há uma savana anjo
que te redime
ela
pietá
a invisível árvore
e tu
filho de nada
no seu colo
*
Alta noite
depois do escuro anterior
eu vi a máquina
a máquina prótese
epigramática
e meu canto tinha a tensão de um arco
e cada grito era uma seta
*
Coração neuronal sanguínea pulsante fonte
de que mar beber-te a inteligência
que a voz pergunta
um chuço passou
e a cabeça larvar corre adiante
oscilando sob a Lua
As adagas flanqueiam a Carne
orgiásticas
subindo até à transcendência
do Gesto
o que dança
e explode da lava e a isso chamamos Mãe
e rasgamo-la!
Ei-lo! O cavaleiro mongol degolando
a última estrela
Um pescoço de nuvem onde
pasmam as gazelas cúbicas
sossegadas
(«unpublished poems for "Anjos Urbanos" exhibition by José Cabral», in Urban Angels, P4Photography, 2009)