PAULO JORGE FIDALGO
TEORIA DA RELATIVIDADE
Ah como choram os poetas portugueses d'agora,
como gritam os jovens plumitivos desta época,
corações em sangria e vinho d'alhos,
versos sinistros e chocalhos nos pés.
Oh malvadez, guarda de culpa tanta arte.
Oh musa, não queiras que se acabe o raro uso
de sacrificar em verso coxo o hálito dos deuses.
Cesse tudo aquilo que as porras antigas nos legaram
e deixemos aos séculos meia dúzia de peúgas.
Oh fadas, três remendos valem bem um açafate.
Quanta beleza nestes jovens dados às letras
e à difícil harmonia dos fonemas,
poetas tempestivos e sem hora,
cultores da nova tecnologia do ripanço,
brilhantina gorda na caneta e sebo nas gravatas
ajudam o tal gamanço feito a quatro patas.
Ah como choram os poetas portugueses d'agora,
como gritam os jovens plumitivos desta época,
corações em sangria e vinho d'alhos,
versos sinistros e chocalhos nos pés.
Oh malvadez, guarda de culpa tanta arte.
Oh musa, não queiras que se acabe o raro uso
de sacrificar em verso coxo o hálito dos deuses.
Cesse tudo aquilo que as porras antigas nos legaram
e deixemos aos séculos meia dúzia de peúgas.
Oh fadas, três remendos valem bem um açafate.
Quanta beleza nestes jovens dados às letras
e à difícil harmonia dos fonemas,
poetas tempestivos e sem hora,
cultores da nova tecnologia do ripanço,
brilhantina gorda na caneta e sebo nas gravatas
ajudam o tal gamanço feito a quatro patas.
(de Síntese Poética da Conjuntura, Hiena Editora, 1993)