ALMADA NEGREIROS
Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.
8.5.04
ANTÓNIO RAMOS ROSA
Para que o verso vibre que fascine o silêncio
e deslize na brancura sem ser um prisma de pétalas
Ó pura timidez aveludado tremor
de um pássaro! Arco
de água subtil
arco de ser ninguém
de nulo olvido
lâmpada de anémona
Como a água sobe à água da retina
como a flor se desfaz m torno do seu centro
assim o poema caminha para a nudez
enquanto como cílios as suas sílabas vibram
dilaceradas consoladas pelo olvido
entre dois silêncios de árvores
(de As Espirais de Dioniso, Pedra Formosa, 1997 - Arco Imperfeito)
Para que o verso vibre que fascine o silêncio
e deslize na brancura sem ser um prisma de pétalas
Ó pura timidez aveludado tremor
de um pássaro! Arco
de água subtil
arco de ser ninguém
de nulo olvido
lâmpada de anémona
Como a água sobe à água da retina
como a flor se desfaz m torno do seu centro
assim o poema caminha para a nudez
enquanto como cílios as suas sílabas vibram
dilaceradas consoladas pelo olvido
entre dois silêncios de árvores
(de As Espirais de Dioniso, Pedra Formosa, 1997 - Arco Imperfeito)
ALBERTO CAEIRO
XXXI
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
XXXI
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
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7.5.04
[SONETOS À SEXTA-FEIRA]
ARTHUR RIMBAUD
Voyelles
A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu: voyelles,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes:
A, noir corset velu des mouches éclatantes
Qui bombinent autour des puanteurs cruelles,
Golfes d'ombre; E, candeurs des vapeurs et des tentes,
Lances des glaciers fiers, rois blancs, frissons d'ombelles;
I, pourpres, sang craché, rire des lèvres belles
Dans la colère ou les ivresses pénitentes;
U, cycles, vibrements divins des mers virides,
Paix des pâtis semés d'animaux, paix des rides
Que l'alchimie imprime aux grands fronts studieux;
O, suprême Clairon plein des strideurs étranges,
Silences traversés des Mondes et des Anges:
- O l'Oméga, rayon violet de Ses Yeux!
VOGAIS
A negro, E branco, I vermelho, U verde, O azul: vogais,
Algum dia direi desses vossos ocultos nascimentos:
A, negro corpete felpudo em que as moscas, aos centos,
Revolteiam por onde os cruéis fedores se sentem mais,
Golfos de treva; E, canduras dos vapores e das tendas,
Cumes de altivos glaciares, reis brancos, trémulas sombrinhas;
I, púrpuras, sangue cuspido, as belas bocas escarninhas
Em sua cólera ou, da embriaguez, percorrendo as sendas;
U, ciclos, divino ondular dos mares verdejando sem fugas,
Paz das campinas polvilhadas pelo gado, paz das rugas
Que a alquimia imprime na alta fronte dos estudiosos;
O, Supremo Clarim, pleno de raros estridores facundos,
Silêncios atravessados por Anjos e por Mundos:
- O, o omega, a emanação violeta dos Seus Olhos! -
(tradução de Ângelo Novo)
VOGAIS
A negro, E branco, I vermelho, U verde, O azul:
Das vogais direi um dia os partos latentes:
A, veloso corpete negro de luzentes
Moscas que rondam fétido e cruel paul,
Golfos de sombra; E, canduras de fumo e tendas,
Lanças de altivos gelos, reis brancos, tremor
De umbela; I, púrpuras, cuspo e sangue, furor
No riso dos lábios belos, ébrias emendas;
U, ciclos, vibrações divinas dos virentes
Mares, paz de pastos e gados, das pacientes
Rugas que a alquimia imprime em sábios sobrolhos;
O, Clarim supremo de estranhos gritos fundos,
Silêncios cruzados por Anjos e por Mundos:
- O de Ómega, raio violeta dos Seus Olhos!
(tradução de Gaetan Martins de Oliveira)
VOGAIS
A negro, E branco, I carmim, U verde, O azul:
vogais, de vós direi as matrizes latentes:
A, peludo corpete negro de luzentes
Moscas volteando em pútrido, cruel paúl,
golfos de sombra; E, tendas, graça dos vapores,
lanças do gelo, brancos reis, tremor de umbelas;
I, púrp'ras hemoptises, rir de bocas belas
na cólera, em remorsos embriegadores.
U, ciclos, vibrações divinas do verdeado
mar, paz dos apascentos, paz do enrugado
que a alquimia imprime às frontes sobre os fólios;
O, supremo Clarim, cheio de silvos fundos,
silêncios trespassados de Anjos e de Mundos:
- O de Ómega, raio violeta dos Seus Olhos.
(tradução de Jorge Vilhena Mesquita)
VOGAIS
A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Hei-de um dia cantar vossa origem latente:
A, o negro de um veludo onde o enxame fervente
Das moscas diga a podridão, sombras letais;
E, tendas de alvejar, a névoa lactescente,
Brancos reis sobre a neve e lanceiros irreais;
I, sangue aos borbotões, riso em lábios mortais,
O vermelho da raiva ou de uma dor pungente;
U, vibração do mar nos verdes horizontes,
Paz dos pastos sem fim, paz das rugas nas frontes
Dos que sondam da ciência os íntimos refolhos;
O, supremo clarão em que estridulam brados,
E o silêncio em que passa um anjo, Aléns povoados,
- O, o Ómega, essa luz violeta dos seus Olhos!
(tradução de Pedro da Silveira)
VOGAIS
A negro, E alvo, U verde, O azul: vogais,
Direi um dia destes os vossos nascimentos latentes:
A, negro corpete peludo das moscas resplandecentes
Que tangem à volta dos cheiretes e fedores fatais,
Enseadas de sombra; , inocências de vapores e tendas,
Feras-lanças dos glaciares, reis alvos, tremer de umbelas;
I, púrpuras, escarros rubros, riso dos lábios belos
Na cólera ou nas extasias penitentes;
U, ciclos, vibração divina dos mares esverdeados,
Paz dos prados semeados de animais, paz das rugas
Que a alquimia imprime nas poderosas grandes mentes;
O, supremo Clarim, fonte de estridências estranhas,
Silêncios atravessados por Mundos e por Anjos:
- O o Ómega, raio violeta dos Sete Olhos Videntes!
(tradução de Maria Gabriela Llansol)
ARTHUR RIMBAUD
Voyelles
A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu: voyelles,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes:
A, noir corset velu des mouches éclatantes
Qui bombinent autour des puanteurs cruelles,
Golfes d'ombre; E, candeurs des vapeurs et des tentes,
Lances des glaciers fiers, rois blancs, frissons d'ombelles;
I, pourpres, sang craché, rire des lèvres belles
Dans la colère ou les ivresses pénitentes;
U, cycles, vibrements divins des mers virides,
Paix des pâtis semés d'animaux, paix des rides
Que l'alchimie imprime aux grands fronts studieux;
O, suprême Clairon plein des strideurs étranges,
Silences traversés des Mondes et des Anges:
- O l'Oméga, rayon violet de Ses Yeux!
VOGAIS
A negro, E branco, I vermelho, U verde, O azul: vogais,
Algum dia direi desses vossos ocultos nascimentos:
A, negro corpete felpudo em que as moscas, aos centos,
Revolteiam por onde os cruéis fedores se sentem mais,
Golfos de treva; E, canduras dos vapores e das tendas,
Cumes de altivos glaciares, reis brancos, trémulas sombrinhas;
I, púrpuras, sangue cuspido, as belas bocas escarninhas
Em sua cólera ou, da embriaguez, percorrendo as sendas;
U, ciclos, divino ondular dos mares verdejando sem fugas,
Paz das campinas polvilhadas pelo gado, paz das rugas
Que a alquimia imprime na alta fronte dos estudiosos;
O, Supremo Clarim, pleno de raros estridores facundos,
Silêncios atravessados por Anjos e por Mundos:
- O, o omega, a emanação violeta dos Seus Olhos! -
(tradução de Ângelo Novo)
VOGAIS
A negro, E branco, I vermelho, U verde, O azul:
Das vogais direi um dia os partos latentes:
A, veloso corpete negro de luzentes
Moscas que rondam fétido e cruel paul,
Golfos de sombra; E, canduras de fumo e tendas,
Lanças de altivos gelos, reis brancos, tremor
De umbela; I, púrpuras, cuspo e sangue, furor
No riso dos lábios belos, ébrias emendas;
U, ciclos, vibrações divinas dos virentes
Mares, paz de pastos e gados, das pacientes
Rugas que a alquimia imprime em sábios sobrolhos;
O, Clarim supremo de estranhos gritos fundos,
Silêncios cruzados por Anjos e por Mundos:
- O de Ómega, raio violeta dos Seus Olhos!
(tradução de Gaetan Martins de Oliveira)
VOGAIS
A negro, E branco, I carmim, U verde, O azul:
vogais, de vós direi as matrizes latentes:
A, peludo corpete negro de luzentes
Moscas volteando em pútrido, cruel paúl,
golfos de sombra; E, tendas, graça dos vapores,
lanças do gelo, brancos reis, tremor de umbelas;
I, púrp'ras hemoptises, rir de bocas belas
na cólera, em remorsos embriegadores.
U, ciclos, vibrações divinas do verdeado
mar, paz dos apascentos, paz do enrugado
que a alquimia imprime às frontes sobre os fólios;
O, supremo Clarim, cheio de silvos fundos,
silêncios trespassados de Anjos e de Mundos:
- O de Ómega, raio violeta dos Seus Olhos.
(tradução de Jorge Vilhena Mesquita)
VOGAIS
A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul: vogais,
Hei-de um dia cantar vossa origem latente:
A, o negro de um veludo onde o enxame fervente
Das moscas diga a podridão, sombras letais;
E, tendas de alvejar, a névoa lactescente,
Brancos reis sobre a neve e lanceiros irreais;
I, sangue aos borbotões, riso em lábios mortais,
O vermelho da raiva ou de uma dor pungente;
U, vibração do mar nos verdes horizontes,
Paz dos pastos sem fim, paz das rugas nas frontes
Dos que sondam da ciência os íntimos refolhos;
O, supremo clarão em que estridulam brados,
E o silêncio em que passa um anjo, Aléns povoados,
- O, o Ómega, essa luz violeta dos seus Olhos!
(tradução de Pedro da Silveira)
VOGAIS
A negro, E alvo, U verde, O azul: vogais,
Direi um dia destes os vossos nascimentos latentes:
A, negro corpete peludo das moscas resplandecentes
Que tangem à volta dos cheiretes e fedores fatais,
Enseadas de sombra; , inocências de vapores e tendas,
Feras-lanças dos glaciares, reis alvos, tremer de umbelas;
I, púrpuras, escarros rubros, riso dos lábios belos
Na cólera ou nas extasias penitentes;
U, ciclos, vibração divina dos mares esverdeados,
Paz dos prados semeados de animais, paz das rugas
Que a alquimia imprime nas poderosas grandes mentes;
O, supremo Clarim, fonte de estridências estranhas,
Silêncios atravessados por Mundos e por Anjos:
- O o Ómega, raio violeta dos Sete Olhos Videntes!
(tradução de Maria Gabriela Llansol)
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2.5.04
[cebolas e Prémio Nobel]
PABLO NERUDA
ODE À CEBOLA
Cebola,
luminosa redoma,
pétala a pétala
formou-se a tua formosura,
escamas de cristal te acrescentaram
e no segredo da terra sombria
arredondou-se o teu ventre de orvalho.
Sob a terra
deu-se o milagre
e quando apareceu
teu rude caule verde,
e nasceram
as tuas folhas como espadas no horto
a terra acumulou seu poderio
mostrando a tua nua transparência,
e como em Afrodite o mar distante
duplicou a magnólia
levantando-lhe os seios,
a terra
fez-te assim,
cebola,
clara como um planeta,
e destinada
a reluzir,
constelação constante,
redonda rosa de água,
sobre
a mesa
dos pobres.
Generosa
desfazes
teu globo de frescura
na consumação
fervente do cozido,
e o girão de cristal
ao calor inflamado do azeite
transforma-se em ondulada pluma de ouro.
Recordarei também como a tua influência
fecunda o amor da salada
e parece que contribui o céu
dando-te a fina forma do granizo
a celebrar a tua luz picada
sobre os hemisférios de um tomate.
Mas ao alcance
das mãos do povo,
regada com azeite,
polvilhada
com um pouco de sal,
matas a fome
do jornaleiro no duro caminho.
Estrela dos pobres,
fada madrinha
envolta
em delicado
papel, tu sais do solo,
eterna, intacta, pura
como semente de astros,
e ao cortar-te
a faca de cozinha
sobe a única lágrima
sem mágoa.
Fizeste-nos chorar mas sem sofrer.
Tudo o que existe celebrei, cebola,
mas para mim és
mais formosa que um pássaro
de plumas ofuscantes,
és para os meus olhos
globo celeste, taça de platina,
baile imóvel
de anémona nevada
e a fragância da terra inteira vive
na tua natureza cristalina.
(tradução de José Bento, in Antologia de Pablo Neruda, editorial Inova, 1973 - As mãos e os frutos)
WISLAWA SZYMBORSKA
Cebola
A cebola é outra coisa.
Planta sem intimidade.
Retintamente cebola
à última cebolidade.
Acebolada por fora,
cebulona no tutano,
poderia entra em si
sem se causar qualquer dano.
Em nós selva e estranhamento,
que uma pele mal sustenta
o nosso inferno uterino,
anatomia violenta,
e, na cebola, cebola,
um lisíssimo intestino.
La muitas vezes nua,
Até ao miolo mais fino.
Cebola ser sem contrários,
cebola bem sucedida,
na maior a mais pequena,
uma na outra metida,
e na seguinte outra ainda,
uma quarta e uma quinta.
Fuga em espiral para o centro,
eco no coro à medida.
Cebola eu bem te compreendo,
mais belo ventre do mundo,
tu própria em tuas auréolas
do teu sucesso profundo.
Em nós gorduras e nervos,
mucos, veias e recessos,
e ao kitch do ser perfeito
é-nos vedado o acesso.
(tradução de Júlio Sousa Gomes, in Paisagem com Grão de Areia, Relógio d'Água, 1998)
PABLO NERUDA
ODE À CEBOLA
Cebola,
luminosa redoma,
pétala a pétala
formou-se a tua formosura,
escamas de cristal te acrescentaram
e no segredo da terra sombria
arredondou-se o teu ventre de orvalho.
Sob a terra
deu-se o milagre
e quando apareceu
teu rude caule verde,
e nasceram
as tuas folhas como espadas no horto
a terra acumulou seu poderio
mostrando a tua nua transparência,
e como em Afrodite o mar distante
duplicou a magnólia
levantando-lhe os seios,
a terra
fez-te assim,
cebola,
clara como um planeta,
e destinada
a reluzir,
constelação constante,
redonda rosa de água,
sobre
a mesa
dos pobres.
Generosa
desfazes
teu globo de frescura
na consumação
fervente do cozido,
e o girão de cristal
ao calor inflamado do azeite
transforma-se em ondulada pluma de ouro.
Recordarei também como a tua influência
fecunda o amor da salada
e parece que contribui o céu
dando-te a fina forma do granizo
a celebrar a tua luz picada
sobre os hemisférios de um tomate.
Mas ao alcance
das mãos do povo,
regada com azeite,
polvilhada
com um pouco de sal,
matas a fome
do jornaleiro no duro caminho.
Estrela dos pobres,
fada madrinha
envolta
em delicado
papel, tu sais do solo,
eterna, intacta, pura
como semente de astros,
e ao cortar-te
a faca de cozinha
sobe a única lágrima
sem mágoa.
Fizeste-nos chorar mas sem sofrer.
Tudo o que existe celebrei, cebola,
mas para mim és
mais formosa que um pássaro
de plumas ofuscantes,
és para os meus olhos
globo celeste, taça de platina,
baile imóvel
de anémona nevada
e a fragância da terra inteira vive
na tua natureza cristalina.
(tradução de José Bento, in Antologia de Pablo Neruda, editorial Inova, 1973 - As mãos e os frutos)
WISLAWA SZYMBORSKA
Cebola
A cebola é outra coisa.
Planta sem intimidade.
Retintamente cebola
à última cebolidade.
Acebolada por fora,
cebulona no tutano,
poderia entra em si
sem se causar qualquer dano.
Em nós selva e estranhamento,
que uma pele mal sustenta
o nosso inferno uterino,
anatomia violenta,
e, na cebola, cebola,
um lisíssimo intestino.
La muitas vezes nua,
Até ao miolo mais fino.
Cebola ser sem contrários,
cebola bem sucedida,
na maior a mais pequena,
uma na outra metida,
e na seguinte outra ainda,
uma quarta e uma quinta.
Fuga em espiral para o centro,
eco no coro à medida.
Cebola eu bem te compreendo,
mais belo ventre do mundo,
tu própria em tuas auréolas
do teu sucesso profundo.
Em nós gorduras e nervos,
mucos, veias e recessos,
e ao kitch do ser perfeito
é-nos vedado o acesso.
(tradução de Júlio Sousa Gomes, in Paisagem com Grão de Areia, Relógio d'Água, 1998)
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