GERARDO DIEGO
OS OMBROS DOS FILÓSOFOS
Os ombros dos filósofos estabelecem o aqueduto
de onde nos chega o sangue obtido pelo degelo
dos mais altos corações
Se ponho os meus maxilares nesse entreposto de séculos
estremecem-me aladas todas as árvores das minhas veias
e enchem-se de repente as minhas humilhadas bochechas
Ninguém tem o direito de trocar um inverno de cinema
por um par de pistolas incrustadas de estrelas
nem a conseguir que o céu lhe devolva as suas bengalas esquecidas
e os seus cartões de visita desperdiçados
O que já entrou no canal intestinal da serpente
nunca mais se arrepende nem sequer
faz um nó gracioso no mais belo do caminho
Deixa-me passar a mão pelo dorso suavíssimo destes versos que escrevo
A eternidade assim por baixo dos meus dedos miará ternamente
(tradução minha – original de Biografia incompleta, 1925-1941)
OS OMBROS DOS FILÓSOFOS
Os ombros dos filósofos estabelecem o aqueduto
de onde nos chega o sangue obtido pelo degelo
dos mais altos corações
Se ponho os meus maxilares nesse entreposto de séculos
estremecem-me aladas todas as árvores das minhas veias
e enchem-se de repente as minhas humilhadas bochechas
Ninguém tem o direito de trocar um inverno de cinema
por um par de pistolas incrustadas de estrelas
nem a conseguir que o céu lhe devolva as suas bengalas esquecidas
e os seus cartões de visita desperdiçados
O que já entrou no canal intestinal da serpente
nunca mais se arrepende nem sequer
faz um nó gracioso no mais belo do caminho
Deixa-me passar a mão pelo dorso suavíssimo destes versos que escrevo
A eternidade assim por baixo dos meus dedos miará ternamente
(tradução minha – original de Biografia incompleta, 1925-1941)