PAULO TEIXEIRA
DECLÍNIO DO TURISMO
Estas praias vazias enfrentam confundidas
o deus ocioso das águas e o outono: o mar
implicado com a nossa sede e as nuvens
que, ausentes, nos oferecem ainda um tardio verão.
Toda a fauna partiu: os senhores devolutos
do mundo deixaram-nos o vento que nos afaga
hoje o rosto e as areias desertas.
Esses oportunos visitantes do estio, poetas e aves
que as suas odes ineficazes escreviam às portas
do entardecer, tornaram a casa para consumirem
a substância do tempo sob os rigores e o Inverno
de outras paisagens, louvando com devoções outonais
a sua escrita, o tempo, a imagem insegura da decadência.
Cada coisa declina no lugar da sua origem.
Conhecemos frente ao Mediterrâneo a perplexidade
de um mundo que alcança a sua última disposição,
sem nela poder acreditar. Terra sem ombros e sem timão
que se afunda dia a dia no vale excessivo de estrelas
que nos esconde de nós o Lúcifer celeste.
(de Conhecimento do Apocalipse, & etc, 1988)
1.10.05
28.9.05
Não estou presente hoje na Terra da Alegria, mas Vital Moreira, no Causa Nossa teve a gentileza de publicar uma mensagem que lhe enviei ontem procurando estabelecer um paralelo entre os encontros do Papa com a Fraternidade S. Pio X e com Hans Kung.
Vital Moreira responde referindo que "foram precisos dois meses para que Bento XVI 'compensasse'" um encontro com o outro, acrescentando a dúvida de este se ter devido "às reacções negativas causadas pelo primeiro", mas não repara que na notícia da Agência Ecclesia a que faz ligação se diz que, segundo o próprio Kung, "o encontro do passado sábado resultou de uma troca de correspondência com o Papa, começada pouco tempo depois da eleição de Joseph Raztinger" (sublinhado meu).
Por outro lado destaca o facto de desta vez não ter havido "os votos de trabalhar em conjunto para uma 'perfeita comunhão'" como com os herdeiros de Lefevre. Ora, tal coisa seria muito de estranhar com o teólogo, pois este, ao contrário dos dirigentes da Fraternidade S. Pio X, não está em situação de excomunhão.
[hoje é dia
da Terra da Alegria]
DOM HÉLDER CÂMARA
TERRA, IRMÃ TERRA!
Ensina-nos
a continuar a Criação,
ajudando as sementes
a multiplicar-se
preparando alimento
para os homens
e os animais!
Ensina-nos
a causar a alegria
que não te cansas de oferecer
quando viajantes cansados te descobrem
como sinal próximo de chegada!
Ensina-nos
a criar o horizonte
numa imagem belíssima
da grandeza da Criação!
Ensina-nos
a aceitar a mediação
de quem nos quer unir a irmãos,
como aceitas o papel da água
que une terra a terra,
por maiores que sejam as distâncias!
Como te sentes nos desertos?
com que visão contemplas o homem
que, sendo capaz de transformar
desertos em terra fértil,
está preferindo ser
terrível criador de desertos?
Como te alegras
com a chuva quete fecunda
e como te afliges
com as chuvas que te alagam,
destruindo plantações,
casas e vidas
de animais, de plantas, de homens?
Que lição imensa
nos dás,
Terra,
mais que irmã:
mãe-Terra!
(de Quem não Precisa de Conversão?, edições Paulinas, 1987)
da Terra da Alegria]
DOM HÉLDER CÂMARA
TERRA, IRMÃ TERRA!
Ensina-nos
a continuar a Criação,
ajudando as sementes
a multiplicar-se
preparando alimento
para os homens
e os animais!
Ensina-nos
a causar a alegria
que não te cansas de oferecer
quando viajantes cansados te descobrem
como sinal próximo de chegada!
Ensina-nos
a criar o horizonte
numa imagem belíssima
da grandeza da Criação!
Ensina-nos
a aceitar a mediação
de quem nos quer unir a irmãos,
como aceitas o papel da água
que une terra a terra,
por maiores que sejam as distâncias!
Como te sentes nos desertos?
com que visão contemplas o homem
que, sendo capaz de transformar
desertos em terra fértil,
está preferindo ser
terrível criador de desertos?
Como te alegras
com a chuva quete fecunda
e como te afliges
com as chuvas que te alagam,
destruindo plantações,
casas e vidas
de animais, de plantas, de homens?
Que lição imensa
nos dás,
Terra,
mais que irmã:
mãe-Terra!
(de Quem não Precisa de Conversão?, edições Paulinas, 1987)
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