RUY CINATTI
LINHA DE RUMO
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Encontro-me parado...
Olho em redor e vejo inacabado
O meu mundo melhor.
Tanto tempo perdido...
Com que saudade o lembro e o bendigo:
Campos de flores
E silvas...
Fonte da vida fui. Medito. Ordeno.
Penso o futuro a haver.
E sigo deslumbrado o pensamento
Que se descobre.
Quem não me deu Amor, não me deu nada.
Desterrado,
Desterrado prossigo.
E sonho-me sem Pátria e sem Amigos,
Adrede.
14.8.03
FERNANDO SYLVAN
Nasceu em Dili, Timor-Leste, em 1917.
Veio para Portugal aos 6 anos. A sua vida ficou marcada pela constante luta pela liberdade e dignidade dos povos, tendo sido participante de inúmeros encontros e signatário de várias petições e protestos. Foi desde 1975 até à morte presidente da Sociedade de Língua Portuguesa.
Morreu na véspera de Natal de 1993.
IN MEMORIAM
O Dia chegou
mas
quantos
não chegaram ao Dia
(in Boca do Inferno nº 5 - Maio de 2000)
lisboa dia da raça junho de 72
CORRIGENDA
Nenhum povo é grande por ter apenas fastos a contar,
Mas pelas liberdades que soube viver
E pelo amor que tiver para dar
junho 72
POEMA HORRÍVEL
- Posso falar?
- Não!
(de Tempo Teimoso, edição do Autor 1974)
HISTÓRIA PARA AS CRIANÇAS PORTUGUESAS
Era uma vez
um país que nunca mais o era...
E estava à vossa espera.
E está.
(de Meninas e Meninos, edição do Autor, 1979)
MANIFESTO MAUBERE
A cultura é a memória
de um povo que não morre!
A acção é a história
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
A vida é a liberdade
de um povo que não morre!
A independência é a vontade
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
A justiça é a oferta
de um povo que não morre!
A luta é a descoberta
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
(de Cantogrito Maubere, edição do Autor, 1981)
Nasceu em Dili, Timor-Leste, em 1917.
Veio para Portugal aos 6 anos. A sua vida ficou marcada pela constante luta pela liberdade e dignidade dos povos, tendo sido participante de inúmeros encontros e signatário de várias petições e protestos. Foi desde 1975 até à morte presidente da Sociedade de Língua Portuguesa.
Morreu na véspera de Natal de 1993.
IN MEMORIAM
O Dia chegou
mas
quantos
não chegaram ao Dia
(in Boca do Inferno nº 5 - Maio de 2000)
lisboa dia da raça junho de 72
CORRIGENDA
Nenhum povo é grande por ter apenas fastos a contar,
Mas pelas liberdades que soube viver
E pelo amor que tiver para dar
junho 72
POEMA HORRÍVEL
- Posso falar?
- Não!
(de Tempo Teimoso, edição do Autor 1974)
HISTÓRIA PARA AS CRIANÇAS PORTUGUESAS
Era uma vez
um país que nunca mais o era...
E estava à vossa espera.
E está.
(de Meninas e Meninos, edição do Autor, 1979)
MANIFESTO MAUBERE
A cultura é a memória
de um povo que não morre!
A acção é a história
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
A vida é a liberdade
de um povo que não morre!
A independência é a vontade
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
A justiça é a oferta
de um povo que não morre!
A luta é a descoberta
de um povo que não morre!
Ouviram?
Ouviram bem?
(de Cantogrito Maubere, edição do Autor, 1981)
13.8.03
ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
Nasceu em Lião, França, em 1900.
Teve a sua primeira experiência de voo aos 12 anos e aos 22 a aviação torna-se-lhe indispensável.
Além da aviação dedicou-se também à engenharia aeronáutica, à reportagem (Moscovo, 1935 e Guerra Civil de Espanha, 1936-37) e à escrita literária, o que o torna num dos grandes autores do século XX.
Desapareceu durante uma missão de reconhecimento aéreo fotográfico durante a II Guerra Mundial, a norte da Córsega.
(...)
Mas acontece que, hoje, o respeito pelo homem, condição da nossa ascensão, está em perigo. As rupturas do mundo moderno conduziram-nos às trevas. Os problemas são incoerentes, as soluções contraditórias. A verdade de ontem morreu, a de amanhã ainda está por edificar. Nenhuma síntese válida se vislumbra, e cada um de nós só detém uma parcela da verdade. À falta de uma evidência que as imponha, as religiões políticas recorrem à violência. E sucede que, à força de nos dividirmos quanto aos métodos, nos arriscamos a já não reconhecer que nos apressamos em direcção ao mesmo fim.
O viajante que transpõe a montanha, seguindo a direcção de uma estrela, se se deixar absorver em demasia pelos problemas da sua escalada, arrisca-se a esquecer qual a estrela que o guia. Se já só age por agir, não irá a parte nenhuma. A funcionária da catedral, caso se preocupe demasiado avidamente com o aluguer das suas cadeiras, corre o risco de se esquecer que serve um deus. Do mesmo modo, se me encerrar em qualquer paixão partidária, arrisco-me a esquecer que uma política só tem sentido com a condição de estar ao serviço de uma evidência espiritual. Saboreámos, nas horas de milagre, uma certa qualidade das relações humanas: aí está para nós a verdade.
(...)
(de Carta a um Refém, 1995, Grifo - versão de Francisco G. Ofir)
[este livro, publicado pouco tempo antes da morte do seu Autor, em 1943, é uma reflexão a partir da sua visita a Lisboa e arredores em 1940, a que dá a forma de carta endereçada ao seu amigo judeu Léon Werth, a quem já dedicara O Princepezinho]
Nasceu em Lião, França, em 1900.
Teve a sua primeira experiência de voo aos 12 anos e aos 22 a aviação torna-se-lhe indispensável.
Além da aviação dedicou-se também à engenharia aeronáutica, à reportagem (Moscovo, 1935 e Guerra Civil de Espanha, 1936-37) e à escrita literária, o que o torna num dos grandes autores do século XX.
Desapareceu durante uma missão de reconhecimento aéreo fotográfico durante a II Guerra Mundial, a norte da Córsega.
(...)
Mas acontece que, hoje, o respeito pelo homem, condição da nossa ascensão, está em perigo. As rupturas do mundo moderno conduziram-nos às trevas. Os problemas são incoerentes, as soluções contraditórias. A verdade de ontem morreu, a de amanhã ainda está por edificar. Nenhuma síntese válida se vislumbra, e cada um de nós só detém uma parcela da verdade. À falta de uma evidência que as imponha, as religiões políticas recorrem à violência. E sucede que, à força de nos dividirmos quanto aos métodos, nos arriscamos a já não reconhecer que nos apressamos em direcção ao mesmo fim.
O viajante que transpõe a montanha, seguindo a direcção de uma estrela, se se deixar absorver em demasia pelos problemas da sua escalada, arrisca-se a esquecer qual a estrela que o guia. Se já só age por agir, não irá a parte nenhuma. A funcionária da catedral, caso se preocupe demasiado avidamente com o aluguer das suas cadeiras, corre o risco de se esquecer que serve um deus. Do mesmo modo, se me encerrar em qualquer paixão partidária, arrisco-me a esquecer que uma política só tem sentido com a condição de estar ao serviço de uma evidência espiritual. Saboreámos, nas horas de milagre, uma certa qualidade das relações humanas: aí está para nós a verdade.
(...)
(de Carta a um Refém, 1995, Grifo - versão de Francisco G. Ofir)
[este livro, publicado pouco tempo antes da morte do seu Autor, em 1943, é uma reflexão a partir da sua visita a Lisboa e arredores em 1940, a que dá a forma de carta endereçada ao seu amigo judeu Léon Werth, a quem já dedicara O Princepezinho]
12.8.03
FALHAS
Falhas todos temos
Mas crónicos remorsos são por demais indesejáveis
Se agiste mal corta essa
Mas tenta pensar melhor da próxima vez
Não te deixes cair em tentações melancólicas
Porque rebolar no lodo só serve
para te sujares
letra: Tim
música: Xutos & Pontapés
Falhas todos temos
Mas crónicos remorsos são por demais indesejáveis
Se agiste mal corta essa
Mas tenta pensar melhor da próxima vez
Não te deixes cair em tentações melancólicas
Porque rebolar no lodo só serve
para te sujares
letra: Tim
música: Xutos & Pontapés
SAM SHEPARD
Nasceu em Novembro de 1943, em Fort Sheridan, Illinois, nos Estados Unidos da América.
É um dos mais importantes dramaturgos e guionistas da actualidade.
3.30 da manhã
será um galo
ou uma mulher gritando na distância
será o céu negro da noite profunda
ou o quase azul-escuro dentro da madrugada
será um quarto de motel
ou a casa de alguém
será o meu corpo vivo
ou morto
será o Texas
ou Berlim-Oeste
afinal
que horas são
a que pensamentos
posso chamar meus aliados
e se suspendesse
todo o pensamento
uma pausa honesta
num espaço vazio
deixem-me navegar a estrada
de cabeça vazia
só uma vez
não estou a suplicar
não estou a pôr-me de joelhos
não estou em condições de dar luta.
9/12/80
Fredericksburg, Texas
Bom, agora vamos direito ao assunto
Dizes
Que te sentes despedaçada porque não podes escrever
Ou
Não podes escrever porque te sentes despedaçada
Dizes
Que estes tempos te tornaram cínica
Ou
Estes tempos confirmam o teu cinismo
Bom, agora deixa-me dizer uma coisa
Preferia andar a laçar novilhos
A discutir política contigo
Preferia estar perdido de bêbedo
Debaixo do atrelado de um camião
O teu desespero é mais chato
Que o Merv Griffin Show
A tua hipócrita choradeira
As tuas soluções baratas para a criminalidade
Deixa-te de manias e cozinha
Faz do teu tempo
O que quiseres
Mas não queimes o meu.
2/80
Santa Rosa, Ca.
no chão de joelhos
cotovelos espetados dentro da noite
é verdade
esta profunda ligação
é deveras verdade
a terra liberta uma mensagem
exala-a
e enche-me se a respiro
texugos
coelhos mortos
o calor do dia que a terra ressuma
estás num comboio algures
bem te vejo olhando pela janela
lá fora algures Salt Lake City
e eu para aqui estou
debruçado da janela.
29/4/81
Homestead Valley, Ca.
desde a relva alta, alta
até à esquina do parque
vejo-te que me estudas
eu vejo-te quando tu não sabes que estou a olhar
e cada olhar que te roubo
deixa-me um dia mais novo
Ultimamente tem sido difícil apanhar-te
ou então sou eu que estou a ficar velho
um dos dois está com certeza a perder
6/11/81
Homestead Valley, Ca.
(de Crónicas Americanas, 2ª ed: s/d, Difel - tradução de José Vieira de Lima)
[Muitos temas deste livro, de 1982, que inclui poemas e pequenos contos, estão na base da peça Superstitions e de Paris, Texas, o filme de Wim Wenders de cujo argumento Shepard é autor.
O primeiro dos poemas acima foi musicado pelos Trovante e incluído no seu último álbum, Um destes dias...]
Nasceu em Novembro de 1943, em Fort Sheridan, Illinois, nos Estados Unidos da América.
É um dos mais importantes dramaturgos e guionistas da actualidade.
3.30 da manhã
será um galo
ou uma mulher gritando na distância
será o céu negro da noite profunda
ou o quase azul-escuro dentro da madrugada
será um quarto de motel
ou a casa de alguém
será o meu corpo vivo
ou morto
será o Texas
ou Berlim-Oeste
afinal
que horas são
a que pensamentos
posso chamar meus aliados
e se suspendesse
todo o pensamento
uma pausa honesta
num espaço vazio
deixem-me navegar a estrada
de cabeça vazia
só uma vez
não estou a suplicar
não estou a pôr-me de joelhos
não estou em condições de dar luta.
9/12/80
Fredericksburg, Texas
Bom, agora vamos direito ao assunto
Dizes
Que te sentes despedaçada porque não podes escrever
Ou
Não podes escrever porque te sentes despedaçada
Dizes
Que estes tempos te tornaram cínica
Ou
Estes tempos confirmam o teu cinismo
Bom, agora deixa-me dizer uma coisa
Preferia andar a laçar novilhos
A discutir política contigo
Preferia estar perdido de bêbedo
Debaixo do atrelado de um camião
O teu desespero é mais chato
Que o Merv Griffin Show
A tua hipócrita choradeira
As tuas soluções baratas para a criminalidade
Deixa-te de manias e cozinha
Faz do teu tempo
O que quiseres
Mas não queimes o meu.
2/80
Santa Rosa, Ca.
no chão de joelhos
cotovelos espetados dentro da noite
é verdade
esta profunda ligação
é deveras verdade
a terra liberta uma mensagem
exala-a
e enche-me se a respiro
texugos
coelhos mortos
o calor do dia que a terra ressuma
estás num comboio algures
bem te vejo olhando pela janela
lá fora algures Salt Lake City
e eu para aqui estou
debruçado da janela.
29/4/81
Homestead Valley, Ca.
desde a relva alta, alta
até à esquina do parque
vejo-te que me estudas
eu vejo-te quando tu não sabes que estou a olhar
e cada olhar que te roubo
deixa-me um dia mais novo
Ultimamente tem sido difícil apanhar-te
ou então sou eu que estou a ficar velho
um dos dois está com certeza a perder
6/11/81
Homestead Valley, Ca.
(de Crónicas Americanas, 2ª ed: s/d, Difel - tradução de José Vieira de Lima)
[Muitos temas deste livro, de 1982, que inclui poemas e pequenos contos, estão na base da peça Superstitions e de Paris, Texas, o filme de Wim Wenders de cujo argumento Shepard é autor.
O primeiro dos poemas acima foi musicado pelos Trovante e incluído no seu último álbum, Um destes dias...]
ANTONIO GAMONEDA
Nasceu em Oviedo, Espanha, em 1931.
La luz hierve debajo de mis párpados.
De un ruiseñor absorto en la ceniza, de sus negras entrañas
musicales, surge una tempestad. Desciende el llanto a las
antiguas celdas, advierto látigos vivientes
y la mirada inmóvil de las bestias, su aguja fría en mi corazón.
Todo es presagio. La luz es médula de sombra: van a morir
los insectos en las bujías del amanecer. Así
arden en mí los significados.
(de Arden las Pérdidas, Abril de 2003, Tusquets editores - Nuevos textos sagrados)
A luz ferve-me debaixo das pálpebras.
De um rouxinol absorto na cinza, das suas negras entranhas
musicais, surge uma tempestade. Desce o canto às
antigas celas, advirto látegos com vida
e o olhar imóvel das bestas, a sua agulha fria em meu coração.
Tudo é presságio. A luz é medula de sombra: vão morrer
os insectos nos castiçais do amanhecer. Assim
ardem em mim os significados.
[tradução minha - há outro poema seu aqui]
Nasceu em Oviedo, Espanha, em 1931.
La luz hierve debajo de mis párpados.
De un ruiseñor absorto en la ceniza, de sus negras entrañas
musicales, surge una tempestad. Desciende el llanto a las
antiguas celdas, advierto látigos vivientes
y la mirada inmóvil de las bestias, su aguja fría en mi corazón.
Todo es presagio. La luz es médula de sombra: van a morir
los insectos en las bujías del amanecer. Así
arden en mí los significados.
(de Arden las Pérdidas, Abril de 2003, Tusquets editores - Nuevos textos sagrados)
A luz ferve-me debaixo das pálpebras.
De um rouxinol absorto na cinza, das suas negras entranhas
musicais, surge uma tempestade. Desce o canto às
antigas celas, advirto látegos com vida
e o olhar imóvel das bestas, a sua agulha fria em meu coração.
Tudo é presságio. A luz é medula de sombra: vão morrer
os insectos nos castiçais do amanhecer. Assim
ardem em mim os significados.
[tradução minha - há outro poema seu aqui]
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Espanhola,
Gamoneda,
Nuno Travanca
[de uma exposição que vi em Barcelona - uma reflexão que pode ser útil ao ‘metabloguismo’ e não só - tradução minha]
DEPOIS DA NOTÍCIA - documentários pós-media
As novas práticas documentais deixaram de ser património do informador profissional.
Estão representadas por artistas, cineastas, ficcionistas, antropólogos visuais, etnógrafos amadores e cidadãos anónimos que põem em circulação as suas próprias imagens. Diversamente do que ocorre nos meios de comunicação dominantes, estes documentários sobrepõem-se ao momento da informação e de debate. Constituem uma intervenção na realidade, um novo activismo da representação.
Esta é a época em que o acontecimento já não significa a resolução de um problema, mas a abertura de novas possibilidades.
Séries fotográficas, vídeos, arquivos audiovisuais, interactivos, Internet e televisão, assim como a literatura, os itinerários urbanos e os webloggers, ampliam o espectro das práticas documentais e, além disso, contribuem para que se avance para lá da versão fechada que a notícia dá do acontecimento.
“Depois da notícia”, depois do acontecimento e da imagem mais mediática, pode haver outras formas de cobertura.
(do guião da exposição Després de la notícia / Después de la noticia / After the news - Centro de Cultura Contemporánea de Barcelona - 24/07 a 02/11 de 2003)
DEPOIS DA NOTÍCIA - documentários pós-media
As novas práticas documentais deixaram de ser património do informador profissional.
Estão representadas por artistas, cineastas, ficcionistas, antropólogos visuais, etnógrafos amadores e cidadãos anónimos que põem em circulação as suas próprias imagens. Diversamente do que ocorre nos meios de comunicação dominantes, estes documentários sobrepõem-se ao momento da informação e de debate. Constituem uma intervenção na realidade, um novo activismo da representação.
Esta é a época em que o acontecimento já não significa a resolução de um problema, mas a abertura de novas possibilidades.
Séries fotográficas, vídeos, arquivos audiovisuais, interactivos, Internet e televisão, assim como a literatura, os itinerários urbanos e os webloggers, ampliam o espectro das práticas documentais e, além disso, contribuem para que se avance para lá da versão fechada que a notícia dá do acontecimento.
“Depois da notícia”, depois do acontecimento e da imagem mais mediática, pode haver outras formas de cobertura.
(do guião da exposição Després de la notícia / Después de la noticia / After the news - Centro de Cultura Contemporánea de Barcelona - 24/07 a 02/11 de 2003)
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