22.1.07

[outros melros XLIV]

EUGÉNIO DE ANDRADE

À Fiama, em Florença (1986)


Era em Florença, num verão sem usura.
A cidade, que nós víamos de S. Miniato,
desfazia-se em luz.
Nos labirintos do Jardim Boboli,
tu e um melro rente à relva
cantavam um para o outro.
Não sei qual das vozes era mais pura,
se a do fio de água que subia
no canto do melro ou, mais frágil
e rente ao chão, a tua.

Foz do Douro, 6.4.2001

(in Relâmpago nº 8, 4/2001)