[outros melros XLIV]
EUGÉNIO DE ANDRADE
À Fiama, em Florença (1986)
Era em Florença, num verão sem usura.
A cidade, que nós víamos de S. Miniato,
desfazia-se em luz.
Nos labirintos do Jardim Boboli,
tu e um melro rente à relva
cantavam um para o outro.
Não sei qual das vozes era mais pura,
se a do fio de água que subia
no canto do melro ou, mais frágil
e rente ao chão, a tua.
Foz do Douro, 6.4.2001
(in Relâmpago nº 8, 4/2001)
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