4.6.06

JORGE DE SENA

(...) cada vez mais acho a poesia uma coisa de especialistas... - nós não lemos tratados de medicina, vamos ao médico, quando precisamos. É esta exactamente uma das minhas angustiosas perplexidades, que, aliás, se resolve reconhecendo a legitimidade da poesia social, para "todos" (que a não lêem), e escrevendo uma outra que, teoricamente, diz mais profundamente respeito a todos (que igualmente a não lêem). Mas isto são contos largos.

(excerto da entrada relativa a 15 de Março de 1946, in Diários, edição de Mécia de Sena, Caixotim edições, 2004 - Obras Clássicas da Literatura Portuguesa / Século XX)