JOÃO ALMEIDA
GLÓRIA E ETERNIDADE
Poesia aqui só na ponta do verso eu sei
tudo tão frio à mesa, em trânsito
e que apanho do chão reproduções electrónicas
e pedacinhos de literatura inclusa também sei
apago a manhã no primeiro cigarro, enquanto dormes
arrumo a verdade da noite em lixo separado
dez pontas de cigarro, um filtro amarrotado
o calor da língua
esquecimento cada vez mais
ouço os labores do dia
as extremidades do trabalho no cimo do monte
aqui vou por lado nenhum
mesmo que diga fico aqui
nada se aquieta ou se desprende. Sento-me
à roda imparável do almoço
o barulho da televisão
e a luz que irradia também são mesa e cadeira
uma revelação de fogo circunscrito.
GLÓRIA E ETERNIDADE
Poesia aqui só na ponta do verso eu sei
tudo tão frio à mesa, em trânsito
e que apanho do chão reproduções electrónicas
e pedacinhos de literatura inclusa também sei
apago a manhã no primeiro cigarro, enquanto dormes
arrumo a verdade da noite em lixo separado
dez pontas de cigarro, um filtro amarrotado
o calor da língua
esquecimento cada vez mais
ouço os labores do dia
as extremidades do trabalho no cimo do monte
aqui vou por lado nenhum
mesmo que diga fico aqui
nada se aquieta ou se desprende. Sento-me
à roda imparável do almoço
o barulho da televisão
e a luz que irradia também são mesa e cadeira
uma revelação de fogo circunscrito.
(de A Formiga Argentina, Edições Averno, 2005)