[um poema que me fez lembrar um dos meus blogues preferidos]JOÃO RUI DE SOUSA
A LEBRE DE CORESConfluem as cores na já descida
lebre que foi ontem madrugada.
Lesta como lebre, a despedida
era lebre de cores transfigurada.
Lesta (ou lépida?) a voz havida
dessa lebre de cores disseminada,
distribuída em pranto e em dor erguida,
sofria o sofrimento disfarçada
para não ferir as cores que se adensavam
na sua pele sedosa e nas cavadas
reentrâncias do pus da sua lida.
Era um grito distenso (apenas lasso?)
de quem por muito arder no seu cansaço
já morto estava antes de ser vida.
(de
Enquanto a Noite, a Folhagem, 1991)