27.11.15

ISABELA FIGUEIREDO


A forma como olhamos para as nossas mãos na infância e a forma como olhamos para elas agora; estou a olhar para as minhas mãos agora, não muda. As mesmas mãos. Como puderam envelhecer e ser ainda as mesmas? As unhas iguais. Os nós dos dedos. Os mesmos olhos. O mesmo pensamento, quando olhamos, com os mesmos olhos, as mesmas mãos.
A partir de certa idade, muito cedo na infância, já somos nós, o que há de perseguir-nos sempre.



(excerto de Caderno de Memórias Coloniais, 6.ª edição, revista e aumentada: Editorial Caminho, 2015)


ANA TECEDEIRO


A minha mão começa
onde acaba a manga
Os meus dedos começam
onde cortei a luva
(Eu começo onde me descubro)


(de Deitar a Trazer, douda correria, 2015)