ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY
Nasceu em Lião, França, em 1900.
Teve a sua primeira experiência de voo aos 12 anos e aos 22 a aviação torna-se-lhe indispensável.
Além da aviação dedicou-se também à engenharia aeronáutica, à reportagem (Moscovo, 1935 e Guerra Civil de Espanha, 1936-37) e à escrita literária, o que o torna num dos grandes autores do século XX.
Desapareceu durante uma missão de reconhecimento aéreo fotográfico durante a II Guerra Mundial, a norte da Córsega.
(...)
Mas acontece que, hoje, o respeito pelo homem, condição da nossa ascensão, está em perigo. As rupturas do mundo moderno conduziram-nos às trevas. Os problemas são incoerentes, as soluções contraditórias. A verdade de ontem morreu, a de amanhã ainda está por edificar. Nenhuma síntese válida se vislumbra, e cada um de nós só detém uma parcela da verdade. À falta de uma evidência que as imponha, as religiões políticas recorrem à violência. E sucede que, à força de nos dividirmos quanto aos métodos, nos arriscamos a já não reconhecer que nos apressamos em direcção ao mesmo fim.
O viajante que transpõe a montanha, seguindo a direcção de uma estrela, se se deixar absorver em demasia pelos problemas da sua escalada, arrisca-se a esquecer qual a estrela que o guia. Se já só age por agir, não irá a parte nenhuma. A funcionária da catedral, caso se preocupe demasiado avidamente com o aluguer das suas cadeiras, corre o risco de se esquecer que serve um deus. Do mesmo modo, se me encerrar em qualquer paixão partidária, arrisco-me a esquecer que uma política só tem sentido com a condição de estar ao serviço de uma evidência espiritual. Saboreámos, nas horas de milagre, uma certa qualidade das relações humanas: aí está para nós a verdade.
(...)
(de Carta a um Refém, 1995, Grifo - versão de Francisco G. Ofir)
[este livro, publicado pouco tempo antes da morte do seu Autor, em 1943, é uma reflexão a partir da sua visita a Lisboa e arredores em 1940, a que dá a forma de carta endereçada ao seu amigo judeu Léon Werth, a quem já dedicara O Princepezinho]
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