24.4.05

LUÍS MIGUEL NAVA

VITRINES

Por dentro do meu corpo, onde é possível separar do sangue os vários órgãos, a quem destes o contemple é dado vê-lo embravecer contra as vitrines. Desnudarmo-nos é pouco, há que mostrar as vísceras, pensei quando tal fiz pela primeira vez. Conheço alguém a quem a fome serve de lanterna, a quem em certas ocasiões ela se torna levemente luminosa, e de algum modo sinto que do fundo do seu espírito procura fazer vir a lua à superfície.

(de Rebentação, 1984)

Sem comentários: