JOÃO CANDEIAS
Um só começo
um só começo. momento da largada
à bolina das tentações. eu quis a
vida dos impérios, agora quero-lhes
a morte. a esta ordem opõe-se uma
outra ordem, como olho longo de
história irreversível. uma flor colhida
ganha o sentido único da energia resguardada.
um corvo precipita um relâmpago negro
sobre a baba branca do verão.
estamos vivos. estamos vivos ainda
na busca do berço inicial, quando
rejeitamos à lama o corpo pobre e minucioso
a transparência das profecias novas
embriaguez tão plena de outras descobertas
mãos arrastadas sobre o granito das
longas caminhadas nocturnas.
mas cambaleamos, e se finalmente regressamos
à chave do nosso repouso, uma criança
todavia, fere de lâminas nuas, o provecto
rosto que cresceu num outono convulso
de apelos inaudíveis
(de Estamos muito longe Meu Amor de alcançar a Terra Prometida, Átrio, 1992)
Ladainha dos póstumos Natais
Há 2 horas
1 comentário:
muito bons :)
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