MANUEL ALEGRE
O oitavo soneto do Português Errante
Fui Gonçalo da Maia o Lidador
campeando por meu reino imaginário
e entre ser e não ser em Elsenor
já fui o desditoso o solitário.
Fui Príncipe banido deserdado
treze vezes cativo em Aquitânia
trago um país de exílio desterrado
na grande solidão de Lusitânia.
Viúvo sempre de qualquer idílio
eu sou o peregrino o desditoso
que a si mesmo se busca e não se encontra.
O meu próprio país é meu exílio
por isso o meu combate é sem repouso.
Eu sou o que nasceu para ser contra.
(de Atlântico, 1981)
Cinza, Rosa Oliveira, Tinta da China
Há 1 hora
1 comentário:
O terceto final é primoroso.
Beijo daqui, Rui, onde o inverno tem cara de verão,
Márcia
tábua de marés, mudança de ventos e alfabeto.
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