30.7.05

MANUEL ALEGRE

O oitavo soneto do Português Errante


Fui Gonçalo da Maia o Lidador
campeando por meu reino imaginário
e entre ser e não ser em Elsenor
já fui o desditoso o solitário.

Fui Príncipe banido deserdado
treze vezes cativo em Aquitânia
trago um país de exílio desterrado
na grande solidão de Lusitânia.

Viúvo sempre de qualquer idílio
eu sou o peregrino o desditoso
que a si mesmo se busca e não se encontra.

O meu próprio país é meu exílio
por isso o meu combate é sem repouso.
Eu sou o que nasceu para ser contra.

(de Atlântico, 1981)

1 comentário:

Márcia Maia disse...

O terceto final é primoroso.

Beijo daqui, Rui, onde o inverno tem cara de verão,

Márcia

tábua de marés, mudança de ventos e alfabeto.