[um contributo para o Abrupto: provavelmente o mais antigo "early morning poem" da língua portuguesa]
D. DINIS
CANTIGA D'AMIGO
Levantou-s' a velida
levantou-s' alva
e vai lavar camisas
eno alto:
vai-las lavar alva.
Levantou-s' a louçana
levantou-s' alva
e vai lavar delgadas
eno alto:
vai-las lavar alva.
(E) vai lavar camisas,
levantou-s' alva;
o vento lhas desvia
eno alto:
vai-las lavar alva.
E vai lavar delgadas,
levantou-s' alva;
o vento lhas levava
eno alto:
vai-las lavar alva.
O vento lh'as desvia;
levantou-s' alva;
meteu-s' alva en ira
eno alto:
vai-las lavar alva.
O vento lh'as levava;
levantou-s' alva;
meteu-s' alva en sanha
eno alto:
vai-las lavar alva.
CANTIGA DE AMIGO
Levantou-se a bela;
rompe a alvorada;
vai lavar camisas
no rio:
lava-as, de alvorada.
Levantou-se a alva;
rompe a alvorada:
alvas roupas lava
no rio:
lava-as, de alvorada.
Vai lavar camisas;
rompe a alvorada;
o vento as desvia
no rio:
lava-as, de alvorada.
Alvas roupas lava;
rompe a alvorada;
o vento as levava
no rio:
lava-as, de alvorada.
O vento as desvia;
rompe a alvorada;
fica a alva em ira
no rio:
lava-as, de alvorada.
O vento as levava;
rompe a alvorada;
fica a alva irada
no rio:
lava-as, de alvorada.
(fixação do texto e actualização de Natália Correia, incluída em Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses, 3ª ed: editorial Estampa, 1998 - tem uma interessantíssima Introdução, também de Natália Correia. A 1ª edição é de 1970, pela mesma editora.)
Um poema de Anzai Fuyue
Há 17 minutos
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